Enquanto permanece fora do Brasil, ex-deputada continua gerando despesas públicas milionárias — escândalo expõe impunidade de privilégios parlamentares

A situação de Câmara dos Deputados segue evidenciando um privilégio institucional inaceitável: mesmo estando fora do país, a deputada Carla Zambelli continua a gerar custos de mais de meio milhão de reais aos cofres públicos.
Segundo dados compilados recentemente, desde que deixou o Brasil — após sua condenação e fuga — o gabinete de Zambelli consumiu cerca de R$ 521 mil, mesmo com salário bruto e verba parlamentar suspensos.

O montante equivale à manutenção de estrutura administrativa: pagamento a assessores, aluguéis, contas operacionais e demais despesas inerentes a um gabinete parlamentar ativo — mesmo sem a titular exercer mandato de fato. A lógica utilizada pela Câmara se baseia numa interpretação regimental: o mandato não depende da presença física da deputada para que o gabinete permaneça ativo.

Relatórios apontam que o custo mensal da estrutura girava em cerca de R$ 103 mil, e chegou a alcançar R$ 130 mil em outubro — tudo isso enquanto a deputada permanece fora do país, presa no exterior, e sem exercer suas funções parlamentares.

O escândalo não se limita a Zambelli: o caso escancara um problema estrutural. Outros parlamentares investigados ou foragidos também mantêm gabinetes ativos — o que, segundo levantamento recente, representa um rombo significativo aos cofres públicos.

Esse tipo de mecanismo institucional revela a fratura entre mandato formal e exercício real — e, sobretudo, a impunidade dos privilégios políticos. Enquanto milhares de trabalhadores renegam direitos muitos menores e são cobrados por produtividade e presença, parlamentares continuam a receber verbas e manter estrutura mesmo ausentes. Isso escancara desigualdade de responsabilidades e favorecimentos dentro do Estado brasileiro.

Para nós, que defendemos justiça social, transparência e soberania popular, esse episódio confirma: não basta punir judicialmente — é urgente revogar privilégios, controlar despesas com mandatos vazios e garantir que representantes políticos cumpram efetivamente suas funções ou respondam por custos e responsabilidades.

A permanência de gastos públicos com gabinetes inativos fere não só o bom uso dos recursos, mas a legitimidade democrática e a confiança da sociedade nas instituições. Enquanto a impunidade política estiver respaldada por normas internas, seremos reféns de privilégios de quem deveria servir ao povo — e não explorar o mandato como cabide de empregos e estrutura pública mantida mesmo fora do país.

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