A frase-chave “prisão de Bolsonaro” se repete enquanto o STF consolida maioria para manter o ex-presidente atrás das grades

A prisão preventiva de Jair Bolsonaro avançou com autoridade: a Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Primeira Turma do STF, formou maioria nesta segunda-feira para referendar a decisão do relator, Alexandre de Moraes, e manter o ex-presidente detido como medida de garantia à ordem pública.

O julgamento, realizado em sessão virtual extraordinária, registrou votos de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin, estabelecendo o placar de 3 a 0 a favor da prisão preventiva — o voto da ministra Cármen Lúcia era aguardado até o fim do dia.

Motivos expostos pelo relator
Moraes fundamentou sua decisão apontando que Bolsonaro violou “de forma dolosa e consciente” a tornozeleira eletrônica que monitorava sua prisão domiciliar. O documento técnico do DF concluiu haver “marcas de queimadura em toda a circunferência do equipamento” — sinal de que o ex-presidente teria usado um ferro de solda para tentar abrir o dispositivo.
Foi também citado o envolvimento de grupos organizados: o senador Flávio Bolsonaro havia convocado uma vigília em Brasília, no condomínio em que o ex-presidente cumpria prisão domiciliar, o que, segundo o ministro, demonstrava risco efetivo de fuga ou ação de massa.
Moraes recordou o histórico de descumprimentos por parte de Bolsonaro — uso de redes sociais em desobediência à cautelar, participação em manifestações e a recente tentativa de violar seu monitoramento eletrônico — o que, em somatório, justificaria a conversão da prisão domiciliar em preventiva para “assegurar a aplicação da lei penal e garantir a ordem pública”.

Audiência de custódia e alegações da defesa
Na audiência de custódia realizada no domingo, Bolsonaro admitiu que mexeu na tornozeleira. Alega que teve “uma certa paranoia” causada por interação medicamentosa — teria se sentido alvo de escuta no dispositivo e, por isso, manuseado o ferro de solda para abri-lo.
Sua defesa argumentou por prisão domiciliar humanitária, alegando “confusão mental” provocada por remédios prescritos e tomada concomitante de agentes com possível interação adversa.

Contextualização política
O episódio não se trata apenas de um descumprimento técnico: significa que o Brasil está recusando a figura que tentou minar as instituições. A prisão preventiva desaparece como detalhe processual e emerge como símbolo de que nem mesmo ex-presidentes acima de protestos e ameaça de massas estão fora do alcance da Justiça.
A frase-chave “prisão preventiva de Bolsonaro” já se desenha como parte da narrativa central da crise institucional brasileira.

Consequências emergentes
Para além da medida pessoal, a decisão marca um endurecimento institucional: a corte enviou o recado de que o Estado não tolerará a lógica de massas mobilizadas como instrumento de fuga ou impunidade. Para o bolsonarismo, a medida abre um novo patamar de vulnerabilidade. Para o país, representa uma reafirmação – ainda que tardia – de soberania institucional.
O desfecho implicará não só na continuidade do processo criminal, como na ordem simbólica: quem tenta violar tornozeleira, violar leis ou mobilizar multidões para pressionar a Justiça pode esperar resposta firme.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.