Trump reduz tarifas sobre café, carne bovina e frutas
Em manobra para baixar o custo de vida nos EUA, Trump anuncia cortes em tarifas sobre café, carne bovina e frutas

O presidente Donald Trump decidiu dar uma guinada inesperada: anunciou redução de tarifas sobre produtos agrícolas como café, carne bovina e frutas importadas pelos EUA. A iniciativa surge em meio ao aumento da pressão popular nos EUA por alta no custo de vida e fragilidade eleitoral dos republicanos.
Autoridades do Tesouro americano, como Scott Bessent, confirmaram que medidas “cirúrgicas” devem entrar em vigor nos próximos dias, direcionadas a itens que os EUA não produzem em escala doméstica — café e bananas foram explicitamente citados.
Apesar disso, o anúncio vem com ressalvas: as tarifas elevadas sobre o café brasileiro (em torno de 50 %) permanecem em vigor por enquanto, segundo reportagens.
Para países como o Brasil, grande exportador de café e carne bovina, essa mudança sinaliza uma janela — mas também um risco. O movimento de Trump pode abrir mercado, sim — mas dentro da lógica imperialista de “acolher quando convém” e reestruturar cadeias de valor no interesse dos EUA, não necessariamente numa parceria igualitária.
Do ponto de vista dos consumidores americanos, a narrativa é simples: “baratear o café, a carne, as frutas importadas”. Do ponto de vista geopolítico — e sob a lente da nossa postura como mídia engajada, à esquerda, anticapitalista — trata-se de um desafio e uma oportunidade. A oportunidade: exportadores do Sul Global podem retomar espaço; o desafio: não cair na armadilha de termos que produzir para teto de mercado ou “sobretaxas removíveis” segundo o humor de Washington.
Se o Brasil quiser se beneficiar, será preciso mais que comemorar: é hora de exigir contrapartidas reais: processamento local, valor agregado, tecnologia — não apenas exportar matéria-prima para consumo externo barato. Porque a redução de tarifa de Trump pode vir como isca — e cabe aos países em desenvolvimento transformar isso em salto de industrialização, não em repetição de modelo colonial.
