Com dívidas de mais de R$ 300 bi, Tarcísio de Freitas recua e São Paulo adere ao programa de renegociação de Lula
Após resistência inicial, o governo paulista sanciona lei para aderir ao Propag, programa federal que reduz juros e renegocia dívidas com a União

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou a adesão do estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), mecanismo federal de renegociação de débitos com a União lançado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula). A decisão ocorre em meio ao avanço de uma situação fiscal delicada: o estado acumula mais de R$ 300 bilhões em dívidas e busca aliviar o peso financeiro junto à União.
A medida foi formalizada com a sanção de uma lei estadual publicada no Diário Oficial que autoriza a adesão ao programa, após aprovação do projeto pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no início de dezembro. Apesar de uma resistência inicial por parte do Palácio dos Bandeirantes — que chegou a afirmar que não aderiria ao Propag — o governo paulista mudou de postura após discussões e ajustes no texto do programa.
Propag e alívio fiscal
O Propag é o programa federal que permite a renegociação das dívidas dos estados com a União, com revisão de juros e condições de pagamento. Estimativas do Tesouro Nacional indicam que São Paulo pode deixar de pagar cerca de R$ 63 bilhões em juros e encargos com a adesão ao acordo, usando ferramentas como recebíveis futuros para amortizar parcelas da dívida.
Uma das mudanças decisivas para a adesão foi a derrubada, pelo Congresso Nacional, de vetos presidenciais que inicialmente restringiam o uso de certos recursos públicos — como os vinculados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional — para amortização da dívida. Esse ponto era considerado crucial para viabilizar a participação paulista, que tem nas receitas de petróleo e gás natural uma das fontes para abater os valores devidos.
Mudança de estratégia
No início de 2025, Tarcísio de Freitas chegou a criticar publicamente os termos do programa, apontando que as regras propostas não atendiam adequadamente às necessidades financeiras do estado e expressando resistências à ideia de aderir ao plano. Após meses de negociação e com os ajustes legislativos, o governo paulista revergiu a posição e decidiu formalizar a participação no Propag.
Governo paulista e analistas avaliam que a adesão ao programa pode representar um respiração fiscal para São Paulo, cujo tamanho da dívida coloca o estado no topo da lista de maiores devedores junto à União. Executivos estaduais — incluindo gestores de outras unidades da federação — também consideram que a renegociação é um passo importante para estabilizar as contas públicas em um cenário de restrições orçamentárias crescentes.
