Declarações explosivas revelam combinação de ataque à esquerda e ambição política em plena fase de reestruturação da direita

O pastor evangélico Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) e figura influente no bolsonarismo, protagonizou nesta semana duas frentes que agitam a disputa política brasileira. De um lado, ele acusou a esquerda de carregar “o DNA da criminalidade”; do outro, entrou no radar de potenciais candidatos à Presidência da República em 2026 — caso Jair Bolsonaro fique inelegível ou opere fora dos palcos convencionais.

Na entrevista ao veículo Gazeta do Povo, Malafaia afirmou que “a esquerda nunca conseguiu combater o crime organizado” e disse que “ensinaram bandido a se organizar nos presídios”. Já no portal Área VIP, ele surge como opção “salvadora” de uma direita à deriva — “o pastor pode sair candidato à Presidência em 2026”, afirma o texto.

Por que isso importa

Essa articulação conjuga religião, política e antagonismo ideológico. Ao atacar a “esquerda” como responsável pela criminalidade, Malafaia reforça uma narrativa de criminalização política que já faz parte da grande mídia conservadora, e ao mesmo tempo se posiciona como líder moral de um bloco que busca renovação no próximo ciclo eleitoral. A candidatura em 2026 — mesmo que apenas especulação — sinaliza que os segmentos evangélicos e direitistas estão preparando posturas autônomas, não apenas subsidiárias ao antigo bolsonarismo.

Ponto de atenção

Vale registrar, porém, que Malafaia nega ter pretensões políticas: em entrevista anterior, ele afirmou que “não sou candidato a absolutamente nada”, e que seu papel era exercer influência.
Assim, há lacunas entre as declarações públicas, as especulações de mídia e os possíveis bastidores de articulação.

O que observar

  • Se Malafaia mantiver o discurso de que “a esquerda tem o DNA da criminalidade”, isso pode cristalizar a narrativa de que adversário político = inimigo moral, algo que fortalece polarização e enfraquece o debate democrático.
  • Se a candidatura realmente for aventada, poderá gerar impacto forte na legislação eleitoral, na articulação da direita (PL, aliados evangélicos, etc.) e na disputa pela centralidade do movimento bolsonarista.
  • A combinação entre ataque ideológico e ambição política revela que o bloco conservador-evangélico busca mais do que influência: deseja protagonismo eleitoral direto.
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