Nesta segunda-feira (29), o governo russo anunciou que a Ucrânia teria lançado 91 drones contra uma das residências oficiais do presidente Vladimir Putin, localizada na região de Novgorod, no noroeste da Rússia, durante a noite — afirmativa que Kiev nega veementemente, classificando-a como uma tentativa de desestabilizar negociações de paz em curso e justificar futuras ações militares.

Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, os drones teriam sido interceptados pelas defesas aéreas russas sem causar vítimas ou danos significativos, e o episódio seria tratado como um “ato terrorista”. Em comunicado, Lavrov afirmou que a suposta ação implicaria em uma revisão da postura de Moscou nas negociações de paz com Kiev, sugerindo que a Rússia reconsideraria sua posição diante do que chamou de escalada ucraniana.

A acusação coincide com um momento delicado nas conversas internacionais sobre o conflito, que se arrasta desde a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022. Moscou argumenta que o ataque teria ocorrido no contexto de um aumento das ações ofensivas ucranianas — embora não tenha apresentado evidências independentes verificáveis até o momento.

Do outro lado, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky rejeitou as acusações como “uma mentira” e uma tentativa de minar os esforços diplomáticos, incluindo negociações com os Estados Unidos e potenciais garantias de segurança estrangeira. Zelensky afirmou que a Ucrânia não ataca alvos civis ou residenciais, mantendo seu foco em objetivos militares legítimos e intensificando apelos à comunidade internacional para condenar a narrativa russa.

Em sua resposta oficial, o governo de Kiev também acusou Moscou de tentar desviar a atenção de seus próprios ataques a alvos ucranianos, incluindo a capital Kiev, e de usar acusações infundadas para justificar futuras operações militares dentro e fora do território ucraniano.

A polémica surge em meio a esforços diplomáticos em andamento, com interlocuções envolvendo lideranças ocidentais em busca de um cessar-fogo duradouro e garantias de segurança que poderiam servir de base para um acordo mais amplo. Enquanto isso, a troca de acusações intensificou as tensões, levantando preocupações sobre nova escalada militar e dificuldades adicionais em alcançar uma solução pacífica para o conflito.