Ratinho Jr. insiste em privatização escolar no Paraná após rejeição massiva
Mesmo depois de cerca de 90% das escolas dizerem não em 2024, governo retoma consultas para ampliar a privatização escolar no Paraná pelo programa Parceiro da Escola

O governo do Paraná voltou a colocar em pauta a privatização escolar no Paraná por meio do programa Parceiro da Escola, que transfere a gestão administrativa de colégios estaduais para empresas privadas. A Secretaria de Educação (Seed) marcou para os dias 17 e 18 de novembro uma nova rodada de consultas públicas sobre a adesão das unidades ao modelo, conforme a Resolução nº 6.589/2025, publicada no fim da semana passada.
A nova consulta acontece menos de um ano depois de uma rejeição expressiva ao projeto: em 2024, cerca de 90% das 177 escolas consultadas disseram “não” à proposta de entrega da gestão para a iniciativa privada. Mesmo assim, o governo prepara uma nova ofensiva e inclui novamente na lista várias das escolas que já haviam recusado o programa, convocando o processo com cerca de dez dias de antecedência.
Entre parlamentares de oposição e entidades da educação, a avaliação é de que o governo tenta reverter na marra o resultado da primeira rodada, insistindo na privatização escolar no Paraná. De acordo com informações reunidas pela bancada oposicionista, ao menos 97 escolas devem participar dessa nova votação, sendo que 41 delas já haviam rejeitado o Parceiro da Escola no ano passado.
A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT) criticou a iniciativa e lembrou que, durante o debate anterior, o próprio governo chegou a dizer que “não é não”, compromisso que agora, segundo ela, é desrespeitado. Para a parlamentar, a repetição das consultas mostra que o Executivo estadual busca impor o programa “a qualquer custo”, especialmente em escolas que resistiram ao modelo de terceirização.
A resolução da Seed determina que a votação será presencial, secreta e facultativa, envolvendo professores, funcionários, estudantes maiores de 18 anos e responsáveis por alunos menores. A principal polêmica está na regra criada pelo próprio governo: se não houver quórum mínimo, a decisão final sobre a adesão ao Parceiro da Escola fica nas mãos da própria Secretaria da Educação, que poderá autorizar sozinha a entrega da gestão das unidades à iniciativa privada.
Deputados da oposição, como Arilson Chiorato (PT) e Professor Lemos (PT), afirmam que o governo Ratinho Jr ignora a voz da comunidade escolar e transforma a educação em negócio, ao insistir em um modelo que foi rejeitado em consulta pública anterior. Eles defendem que os recursos do Estado sejam usados para fortalecer diretamente as escolas públicas, com investimento em infraestrutura e valorização profissional, e não para contratos com empresas privadas.
Com a nova rodada de consultas marcada em curto prazo e sob críticas de professores, estudantes e entidades, o programa Parceiro da Escola volta ao centro da disputa sobre o futuro da rede de ensino do Paraná. Caberá agora às comunidades escolares, mais uma vez, tentar barrar ou não a expansão do modelo de gestão privatizada.
