“Patente desrespeito à Justiça”, diz Alexandre de Moraes ao justificar a prisão de Jair Bolsonaro
A frase-chave “patente desrespeito à Justiça” expõe o rompimento entre Bolsonaro e as instituições, segundo o relator do caso

O relator Alexandre de Moraes deu ontem uma aula de autoridade ao estabelecer que há “patente desrespeito à Justiça” por parte de Jair Bolsonaro — e usou esse diagnóstico como base para justificar a conversão da prisão domiciliar em prisão preventiva.
No voto, Moraes recorreu a fatos que não permitem hesitação: a tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro apresentou “sinais claros e importantes de avaria”, com queimaduras no encaixe, o que sugere o uso de um ferro de solda para tentar removê-la.
O ministro não deixou barato. Ele apontou que Bolsonaro é reiterante no descumprimento das diversas medidas cautelares impostas, além de ter participado direta ou indiretamente de processos de mobilização de massa — inclusive convocando vigília no condomínio onde estava em prisão domiciliar.
Para Moraes, o risco de fuga deixou de ser hipotético. Ele destacou investigações sobre planos anteriores — o chamado plano “RAFE-LAFE” — que supostamente incluíam técnicas militares para retirar Bolsonaro do país. Aliados e familiares já haviam deixado o território nacional após condenações ou denúncias, como Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro.
O voto também conecta o episódio à ordem pública: a movimentação no condomínio, a proximidade da Embaixada dos EUA, o monitoramento descumprido — tudo compôs, segundo Moraes, um risco concreto à aplicação da lei penal e à salvaguarda da ordem democrática.
Assim, o relator concluiu que não restava alternativa senão manter a prisão preventiva para garantir que as decisões da Justiça não sejam letra morta — como frisou ao usar o termo “patente desrespeito à Justiça”.
Fonte: Brasil 247
