Operação Compliance Zero apreende jatinho de R$ 200 milhões, relógios de luxo e bebidas importadas em investigação de R$ 12 bilhões
A ação da PF mira esquema de fraudes com instituições financeiras: o luxo escancarado era parte do núcleo de expansão do capital especulativo

Na manhã da terça-feira, a Polícia Federal deflagrou a Operação Compliance Zero, que mira um dos esquemas mais audaciosos já identificados no sistema financeiro brasileiro: a emissão de títulos de crédito fraudulentos por instituições sob o guarda-chuva do Sistema Financeiro Nacional.
O alvo principal: o Banco Master e seus controladores. A PF estima que o volume movimentado pelas fraudes possa atingir R$ 12 bilhões, segundo relatório oficial.
O que foi apreendido
Entre os bens sob ordem judicial, destacam-se:
- Um jato particular modelo Falcon 7X — com autonomia intercontinental — avaliado em aproximadamente R$ 200 milhões.
- Relógios de luxo da marca Cartier, com valor estimado em mais de US$ 1 milhão para edições especiais.
- Veículos importados de alto padrão, obras de arte, bebidas importadas e dinheiro em espécie (R$ 1,7 milhão encontrados na casa de um ex-CEO).
- Bloqueio imediato de R$ 12,2 bilhões em contas vinculadas aos investigados.
Como funcionava o esquema
As investigações apontam para emissão de carteiras de crédito sem lastro real, vendidas a terceiros e substituídas por papéis igualmente irregulares após fiscalização do Banco Central do Brasil. InfoMoney+1
Em outras palavras: recursos públicos ou privados entram no sistema com aparência legal, circulam por instituições financeiras, e são convertidos em luxo e paraísos fiscais, enquanto os gastos com a população ficam ainda mais escassos.
Por que isso importa
Para quem defende justiça social, soberania e controle popular da economia, o episódio representa uma evidência cristalina de como o capital financeiro se entrelaça ao poder político e captura não apenas recursos, mas o próprio Estado.
Quando aposentados, servidores públicos ou fundos previdenciários confiam seus ativos a instituições que operam com títulos fictícios, o resultado é o empobrecimento geral — enquanto alguns acumulam excesso de luxo. Esse tipo de esquema reforça a lógica colonial: exportamos valor (em crédito, em extração financeira) e importamos sobras (relógios, jatos, bebidas).
O que vem pela frente
- Auditorias independentes urgentes sobre todos os fundos públicos que investiram em instituições similares.
- Ressarcimento imediato dos valores desviados para que volte ao caixa do Estado e às políticas públicas.
- Reforma regulatória para impedir que instituições financeiras contemplem mais “jet set” que prestação de serviços ao povo.
- Mobilização popular: não basta identificar os nomes — é preciso exigir que o resultado das investigações beneficie a maioria e não fique no rastro dos poderosos.
