Moro rebate acusações de grampo ilegal e ataca jornalista “favorita do PT”
Senador e ex-juiz Sérgio Moro classifica reportagem sobre grampo ilegal como “factoide” e dirige críticas à jornalista Daniela Lima em meio a polêmica

O senador e ex-juiz Sérgio Moro (União-PR) reagiu neste 17 de dezembro de 2025 às denúncias de que teria autorizado a instalação de um grampo ilegal contra autoridades com foro privilegiado, qualificando as reportagens como “factoides do dia” e direcionando críticas à jornalista Daniela Lima, que ele chamou de “favorita do PT”.
As declarações foram feitas em mensagens publicadas por Moro nas redes sociais, em que ele afirma que uma reportagem sobre o caso teria ligação com um momento em que a Polícia Federal apura investigações envolvendo Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e supostas irregularidades no INSS.
Segundo a cobertura original, baseada em reportagens publicadas no portal UOL, a Polícia Federal encontrou documentos que apontam para a determinação do então juiz Moro de autorizar escutas que teriam atingido autoridades com foro especial, como o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), sem autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como exige a lei.
Moro contestou a narrativa, afirmando que a notícia não seria um “furo” original e que parte do conteúdo já havia sido publicado em 2023, além de dizer que a suposta gravação teria ocorrido em 2005, há cerca de 20 anos, em contexto em que — segundo ele — a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) não exigia autorização judicial para gravações feitas por interlocutores de delatores.
O senador negou que o grampo tenha produzido qualquer consequência investigativa relevante, alegando que os áudios não foram utilizados em inquéritos posteriores, e rechaçou a caracterização das reportagens como atuais ou impactantes.
Além de atacar a jornalista que divulgou a reportagem, Moro também sugeriu que as denúncias teriam ganho força midiática justamente no momento em que surgem novas apurações envolvendo figuras ligadas ao atual governo federal, ampliando a polêmica em torno da cobertura.
O caso envolve escutas que teriam sido feitas com base em delações e autorizações de Moro na condição de juiz federal, e que teriam incluído políticas e desembargadores que, por prerrogativa de foro, deveriam ter sido objeto de autorização de instâncias superiores — ponto central das investigações agora sob análise no STF.
Especialistas em direito ouvidos por veículos que cobrem o caso ressaltam que a legalidade de grampos a autoridades com foro privilegiado sempre exigiu autorização de instâncias superiores, e que eventuais irregularidades podem configurar abuso de poder, independentemente de quando tenham ocorrido.
A controvérsia veio à tona novamente em meio a movimentações judiciais intensas e pode ter desdobramentos tanto no plano jurídico quanto no debate político nacional, alimentando críticas e defesas das diferentes posições acerca de legalidade e transparência no uso de instrumentos de investigação.
