Moro chama de “fantasiosa” operação da PF na Lava-Jato e tenta blindar legado judicial
Senador reage com críticas ao mandado de busca e apreensão autorado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — suspeita de acobertamento e irregularidades volta ao centro

O senador Sérgio Moro reagiu com veemência nesta quarta-feira (3/12/2025) à operação da Polícia Federal na antiga 13ª Vara Federal de Curitiba — histórica sede da Lava-Jato. Ele classificou como “fantasiosa” a investigação que embasou o mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão judicial decorre do inquérito aberto no âmbito do STF, a partir de acusações feitas pelo ex-deputado estadual Tony Garcia. Garcia alega ter sido coagido, antes da Lava-Jato, a realizar gravações e delações sob ordens de Moro — algo que, se confirmado, conecta diretamente a suposta irregularidade a práticas da Lava-Jato.
Segundo a defesa de Moro, não houve ilegalidade — e que os processos que resultaram na condenação de Garcia ocorreram há quase 20 anos. Acrescentou que a competência do STF seria indevida, já que os atos investigados não teriam relação com o mandato de senador ou ministro.
Mas o ponto central desta nova fase de investigações transcende disputas de interpretação judicial: o mandado da PF foi autorizado exatamente para que os agentes examinem in loco os arquivos da 13ª Vara — documentos, mídias, provas antigas e anexos que até então estavam guardados na estrutura da ex-vara comandada por Moro.
O que está em jogo
- A 13ª Vara de Curitiba, comandada por Moro por anos, foi símbolo da narrativa anticorrupção — considerada baluarte de combate a crimes de colarinho-branco. A operação desta quarta coloca essa narrativa sob suspeita.
- Se as alegações de gravações forçadas, delações manipuladas e irregularidades forem confirmadas, todo o “legado Lava-Jato” corre o risco de ruir — não apenas por desmoralização institucional, mas por possíveis anulações de processos e condenações.
- A investigação não mira apenas indivíduos: questiona procedimentos, ética, vínculos entre justiça e política — e a ampliação do poder judicial como ferramenta seletiva de punição.
A reação do bolsonarismo judicialista
Para Moro e seus aliados, a operação da PF seria uma retaliação política disfarçada de investigação — uma tentativa de deslegitimar os anos de Lava-Jato e reabrir feridas de uma narrativa de combate à corrupção seletiva. A palavra “fantasiosa” resume essa linha de defesa.
Mas, para quem acompanha o caso com olhar crítico — como nós, que defendemos justiça social, soberania popular e o fim do arbítrio institucional — a justiça não fecha os olhos. A PF entrar na antiga vara da Lava-Jato não é sobre vingança: é sobre transparência, verdade histórica e reconstrução da justiça sem privilégios.
O país assiste a um momento decisivo
O Brasil vive um momento de inflexão: ou investigamos até o fim atos de poder que violaram a lei — independente de quem comandava — ou aceitamos que corpos de Estado continuem blindados pelo mito da impunidade seletiva. Esta operação da PF, autorizada pelo STF, pode ser o início da desmontagem de uma estrutura que sempre funcionou sob aura de moralidade — mas que agora segue sob suspeita contundente.
Se a justiça for de fato para todos, esta investigação deve avançar. E o país, finalmente, pode começar a aplicar a máxima: o Estado não pertence às elites — pertence ao povo.
Fonte: Brasil 247 / VEJA / STF / Polícia Federal
