Em nota oficial, ministro do STF diz que reuniões com o presidente do Banco Central foram para discutir impactos da legislação americana sobre sanções financeiras, rejeitando acusações de atuação pessoal ou interesse privado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou nesta terça-feira (23) uma nota oficial rejeitando a narrativa de que teria mantido encontros pessoais com o presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Gabriel Galípolo, com o objetivo de tratar de interesses privados ou pressionar em favor de instituições financeiras específicas. Segundo Moraes, todas as conversas e reuniões tiveram como foco exclusivo as consequências da aplicação da Lei Magnitsky, legislação dos Estados Unidos que impõe sanções financeiras internacionais.

A controvérsia surgiu após reportagem que sugeria que o ministro teria participado de pelo menos cinco contatos — entre telefonemas e uma reunião presencial — com Galípolo para discutir supostos temas que iam além das questões institucionais relacionadas à sanção. A publicação insinuava que essas interações poderiam ter envolvido a defesa de interesses ligados ao Banco Master e seus desdobramentos no sistema financeiro.

Em sua resposta oficial, Moraes contesta veementemente essa versão dos fatos. Segundo o comunicado, os encontros com Galípolo, bem como com outros dirigentes do setor financeiro — incluindo a presidente do Banco do Brasil e membros da Febraban — foram realizados estritamente para debater as implicações da Lei Magnitsky no funcionamento de serviços bancários essenciais, como movimentação de contas, cartões de crédito e débito, em um cenário de sanções financeiras internacionais.

A Lei Magnitsky, que ganhou notoriedade nos Estados Unidos como um mecanismo para punir violações de direitos humanos e corrupção, chegou a ser aplicada contra o próprio Moraes e pessoas ligadas a ele em 2025, provocando impactos diretos na esfera financeira global e gerando incertezas sobre a continuidade de relações bancárias com instituições brasileiras que operam nos EUA.

O presidente do Banco Central, por sua vez, também se posicionou publicamente sobre as conversas com Moraes. Apesar de não emitir nota formal sobre pressão, Galípolo afirmou que os contatos entre ele e o ministro foram de natureza amistosa e institucional, negando que tenha sofrido qualquer tipo de coação para favorecer decisões específicas relativas à venda ou regulação de bancos.

Esse episódio ocorre em um contexto de intensa discussão política e jurídica no Brasil, em que as relações entre poderes e órgãos independentes vêm sendo alvo de vigilância pública e crítica. A resposta de Moraes ressalta que o objetivo principal das tratativas foi abordar aspectos técnicos da magnitude e efeitos das sanções da Magnitsky Act, e não atender a interesses privados de qualquer instituição ou indivíduo.

Enquanto isso, o debate em torno da atuação de ministros do STF e suas interações com outras autoridades segue gerando repercussão em setores políticos e econômicos, com opositores pedindo esclarecimentos mais amplos e aliados ressaltando a legitimidade de contatos institucionais para lidar com questões complexas de impacto internacional.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.