Michelle Bolsonaro reage com versículo bíblico após prisão de Bolsonaro
Ex-primeira-dama publica “Eu confio no Senhor” horas depois da prisão preventiva de Jair Bolsonaro — mensagem evangélica torna-se ato político simbólico

Logo após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro na manhã deste sábado, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recorreu à religião como forma de reação — e fez dela um gesto político silencioso. Nas redes sociais, publicou apenas: “Eu confio no Senhor”, junto ao versículo “Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro” (Salmo 121).

A detenção do ex-presidente, determinada por Alexandre de Moraes para “garantir a ordem pública”, ocorreu horas após agentes da Polícia Federal chegarem ao Condomínio Solar de Brasília e levarem Bolsonaro à Superintendência da PF no Distrito Federal.
O gesto de Michelle, ainda que breve, carrega vários símbolos: a fé como pilar da narrativa bolsonarista; o isolamento político do líder vassalocrata; e o deslocamento de uma reação pública tradicional para um campo espiritual — como se a prisão do ex-presidente fosse, para seu entorno, “mais um teste” do que uma derrota.
Do nosso ponto de vista progressista, isso expõe duas dinâmicas claras. Primeiro: mesmo acuado, o ex-mandatário continua mobilizando seu núcleo simbólico — a “família de Deus”, a cruz, a fé — para se reconstruir politicamente. Segundo: a reação “retraída” mostra fragilidade do aparato vassalocrata que sempre se apoiou em aparições públicas grandiosas, multidões e espetáculo. Aqui, o espetáculo se esconde na devoção.
Consequência imediata: ao escolher publicar apenas uma mensagem de fé, Michelle sinaliza que o núcleo bolsonarista se prepara para uma nova fase — de resistência discreta, de militância de base, de simbologia alternativa. Para o Brasil soberano que nós defendemos, isso significa que a disputa vai além dos fóruns tradicionais: será também simbólica, ideológica, espiritual. O momento histórico exige que não apenas observemos as peças de um xadrez institucional, mas entendamos como a narrativa da fé entra em jogo na construção de poder.
