Congresso mexicano aprovou elevação de impostos sobre mais de 1,4 mil produtos importados de países sem acordo comercial, incluindo Brasil, China e Índia, com vigência a partir de janeiro de 2026

Brasília/México — O Congresso do México aprovou nesta quarta-feira (10/12/2025) um pacote de aumento de tarifas de importação que afetará produtos provenientes de Brasil, China, Índia e outros 11 países com os quais o México não tem acordos comerciais preferenciais. A medida foi aprovada na Câmara dos Deputados e em seguida ratificada pelo Senado, sob iniciativa da presidente Claudia Sheinbaum e com apoio majoritário dos parlamentares.

As novas tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026 e abrangem cerca de 1,463 classificações tarifárias distribuídas em 17 setores industriais, como automotivo, têxtil, vestuário, siderurgia, eletrodomésticos, móveis, calçados e plásticos. A proposta faz parte da revisão da Lei de Impostos Gerais de Importação e Exportação do México, que reconfigura alíquotas para produtos oriundos de países sem tratados de livre comércio com o país.

O que muda e quem é afetado

A maior parte das tarifas será elevada para algo entre 35% e 50%, dependendo do produto e do setor. Em alguns casos, como o de automóveis importados — onde montadoras chinesas respondiam por cerca de 20% das vendas no mercado mexicano — a alíquota máxima de 50% será aplicada, buscando proteger a indústria local.

Além do Brasil e da China, a lista de países afetados inclui África do Sul, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia, Indonésia, Nicarágua, Taiwan, Tailândia e Vietnã. Para muitos desses países, a medida representa um choque tarifário que pode dificultar o acesso a um dos principais mercados da América Latina.

Objetivos e críticas

O governo mexicano justifica a iniciativa como uma ação para impulsionar a produção e indústria nacional, corrigir desequilíbrios comerciais e fortalecer a economia diante de importações de baixo custo que pressionam setores produtivos domésticos. A presidente Sheinbaum e seus aliados no Congresso argumentam que a medida criará condições “mais justas” de competição para fabricantes mexicanos.

No entanto, especialistas e setores empresariais alertam para riscos de elevação de preços ao consumidor, impacto negativo nas cadeias de suprimentos e tensões comerciais com parceiros importantes. O aumento de tarifas também pode ter repercussões na competitividade de produtos brasileiros no mercado mexicano, principalmente em setores como autopeças e têxteis.

Impactos nas relações comerciais

Para o Brasil, a medida representa um desafio adicional em um cenário já marcado por disputas comerciais complexas no hemisfério, incluindo tensões tarifárias com os Estados Unidos ao longo de 2025. Análises de órgãos industriais estimam que um percentual significativo das exportações brasileiras para o México pode sofrer com essas tarifas mais altas, elevando os custos de exportação e reduzindo a competitividade dos produtos nacionais no mercado mexicano.

A aprovação ocorre também em um momento em que a economia global enfrenta pressões protecionistas crescentes. A mudança mexicana na política tarifária é vista por analistas como parte de uma resposta a pressões externas — sobretudo dos Estados Unidos — para ajustar acordos comerciais e fortalecer posições industriais na América do Norte, especialmente antes de revisões de pactos como o USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).

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