Depois de semanas de controvérsia e narrativas conflituosas, jornalista reconhece que ministro do STF não fez pressão sobre presidente do Banco Central

A jornalista Malu Gaspar, colunista do O Globo, recuou em parte de sua narrativa sobre o envolvimento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no caso envolvendo o Banco Master e admitiu que não houve pressão direta do magistrado sobre o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, para influenciar decisões relativas à instituição financeira em crise. A retratação foi feita em um novo artigo publicado nesta segunda-feira (29).

A controvérsia se arrastou nas últimas semanas após Gaspar afirmar, em coluna publicada em dezembro, que Moraes teria procurado Galípolo “pelo menos quatro vezes” para pressionar em favor do Banco Master no contexto de sua tentativa de venda e sobrevivência no mercado. Essa narrativa acabou desencadeando uma série de ataques midiáticos e políticos contra o ministro, além de debates públicos sobre ética na magistratura e possível atividade indevida.

No novo texto, entretanto, a jornalista reconhece que, na realidade, as reuniões entre Moraes e Galípolo — que existiram — não tinham o objetivo de tratar diretamente da situação do Banco Master, e sim de questões relacionadas à Lei Magnitsky e seus efeitos sobre a capacidade de movimentação financeira do próprio ministro e de sua família — sanções impostas pelos Estados Unidos no ano passado que o afetaram pessoalmente.

Moraes e o presidente do BC negaram categoricamente que o caso Master tenha sido pauta de encontros entre eles. Em notas oficiais anteriores, o ministro afirmou que os encontros com Galípolo tiveram por foco exclusivamente os efeitos da aplicação da Lei Magnitsky e que nunca houve qualquer pressão sobre a autoridade monetária para influenciar decisões relativas ao banco. O Banco Central corroborou a versão, explicando que as reuniões trataram apenas de temas técnicos relacionados às sanções e não à liquidação ou à tentativa de aquisição do Master pelo BRB.

O caso Banco Master já havia gerado uma verdadeira guerra de narrativas na imprensa e na política, com opositores de Moraes — especialmente no campo mais radical da direita — usando as alegações iniciais como base para pedidos de impeachment e investidas contra a credibilidade do ministro. Em paralelo, a defesa técnica dos diretores do Banco Central tem reiterado que a decisão de liquidar extrajudicialmente o banco em novembro foi tomada de forma colegiada e com base em evidências de irregularidades, e não por qualquer influência externa.

Especialistas em mídia e política criticaram a primeira versão da coluna de Gaspar, apontando que o uso de fontes sigilosas sem confirmação pública contribuiu para a proliferação de desinformação e polarização em torno do caso, ressaltando a importância de clareza e rigor em reportagens sobre temas tão sensíveis envolvendo instituições democráticas.

A retração de Gaspar marca um novo capítulo na crise de narrativas sobre o caso Banco Master, em que a oposição tem buscado explorar fissuras institucionais enquanto a defesa do sistema democrático e das autoridades técnicas se firma em torno de esclarecimentos factuais e esclarecimentos públicos.

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1 comentário em “Malu Gaspar recua e admite que Moraes não pressionou Galípolo no caso Banco Master

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