Líder da bancada ruralista “rifa” Flávio Bolsonaro e apoia Tarcísio de Freitas: “significa o que a gente defende”
Aliança entre agro e governador paulista reforça ligação da direita tradicional em torno de projeto alternativo ao bolsonarismo puro para 2026

O líder da bancada ruralista no Congresso anunciou nos últimos dias um apoio claro ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em detrimento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026 — uma movimentação que tem sido interpretada por integrantes do agronegócio e da direita institucional como um reforço de que “significa o que a gente defende” no atual momento político.
A declaração foi divulgada em meio a articulações internas que evidenciam um reposicionamento estratégico da chamada bancada do agro, um dos grupos de pressão mais influentes no Congresso, com mais de 350 parlamentares, e tradicionalmente alinhado a pautas conservadoras sobre propriedade rural, regulação ambiental e segurança jurídica.
Apoio ao nome de Tarcísio e ceticismo com Flávio
Segundo relatos que circulam nos bastidores, líderes ruralistas consideram o perfil político e a experiência administrativa de Tarcísio de Freitas como fatores que podem agregar mais força a uma frente política ampla para 2026 do que a candidatura de Flávio Bolsonaro, que tem enfrentado resistência em setores moderados e pragmáticos da direita.
O apoio ruralista surge em um contexto em que Tarcísio já havia sinalizado boa relação com o bolsonarismo — inclusive reafirmando lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro — mas mantendo uma postura própria e mais moderada em alguns temas, o que agrada alas do agronegócio preocupadas com estabilidade econômica e políticas públicas consistentes.
“Significa o que a gente defende”
A expressão atribuída ao líder ruralista — que o apoio ao governador paulista “significa o que a gente defende” — resume a interpretação de setores do campo conservador pragmático de que, para além da preferência por nomes ligados diretamente a Jair Bolsonaro, há uma necessidade de construir alianças amplas que não dependam exclusivamente de laços familiares ou de uma base eleitoral restrita.
Essa posição também reflete críticas veladas à forma como a pré-candidatura de Flávio vinha sendo interpretada por alguns setores do agronegócio, que veem no governador de São Paulo um interlocutor mais constante em temas como infraestrutura, logística rural e abertura de mercados — pautas centrais para o setor produtivo.
Impactos na corrida de 2026
A decisão da bancada ruralista pode ter impacto relevante no cenário eleitoral, especialmente na construção de palanques regionais e no apoio a candidaturas competitivas em estados estratégicos. Tarcísio de Freitas, que governa um dos principais colégios eleitorais do país, já vem sendo visto como um nome capaz de unificar setores da direita e do centro-direita, embora ainda precise consolidar apoios partidários mais amplos.
Para Flávio Bolsonaro, essa movimentação representa mais um desafio num momento em que líderes políticos e eleitorais buscam mapear um projeto eleitoral que tenha viabilidade além da base bolsonarista tradicional. O senador tem tentado reafirmar que sua pré-candidatura não conflita com possíveis apoios de aliados como Tarcísio, mas sim que o campo conservador poderia caminhar unido.
Repercussão política
A posição da bancada ruralista também deve ecoar nos debates das próximas semanas, à medida que estratégias eleitorais se intensificam e partidos avaliam cenários competitivos para 2026. O movimento mostra que, mesmo dentro do campo conservador, há divergências estratégicas sobre qual caminho seguir e qual candidato melhor representa as demandas econômicas e políticas do setor produtivo.
A articulação ruralista ao redor de Tarcísio sinaliza que a direita institucional está aberta a projetos que transcendam o bolsonarismo nucleado na família Bolsonaro, ainda que não renuncie a alianças com seus líderes históricos.
