Corte de Apelação de Roma aceita pedido da defesa e remarca julgamento da extradição da ex-deputada condenada no Brasil, mantendo-a presa durante o processo

A Justiça da Itália decidiu adiar mais uma vez a análise do pedido de extradição da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada no Brasil e atualmente presa em Roma desde julho por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em decisão publicada nesta quinta-feira (18), a Corte de Apelação de Roma acatou um pedido da defesa de Zambelli e remarcou o julgamento final para 20 de janeiro de 2026. A ex-parlamentar permanecerá detida no país europeu até a nova audiência, segundo os magistrados, devido ao risco de fuga enquanto o processo de extradição é analisado.

Novo adiamento a pedido da defesa

A defesa de Zambelli apresentou novos documentos e argumentações que, segundo os próprios advogados, podem influenciar a análise da Corte. O tribunal decidiu que precisará tempo adicional para examinar esses elementos, o que motivou o agendamento de uma nova data para a conclusão do processo.

Contexto da detenção e extradição

Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão por crimes ligados à invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outras condutas criminosas no âmbito da trama golpista de 2023, além de uma segunda condenação por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.

Após deixar o Brasil em maio e passar pelos Estados Unidos, a ex-deputada foi presa em Roma em julho, em cumprimento a um mandado de captura internacional solicitado pela Polícia Federal brasileira, motivado pelas condenações e pelo risco de evasão.

Foco no princípio da dupla imputação e análise jurídica

O adiamento ocorre enquanto a Corte italiana avalia se os crimes pelos quais Zambelli foi condenada no Brasil também estão tipificados na legislação penal italiana — um requisito conhecido como princípio da dupla imputação, essencial em processos de extradição internacionais.

A defesa, ao longo das etapas iniciais, alegou perseguição política e judicial, argumentando que as condenações no Brasil seriam fruto de motivações que, segundo eles, deveriam impedir a extradição. Apesar disso, até o momento, os magistrados italianos mantiveram Zambelli detida durante o processo, citando elementos que indicam risco de tentativa de fuga caso ela fosse libertada.

Próximos passos e análise final do caso

Com o novo agendamento para 20 de janeiro de 2026, a Corte de Apelação terá mais tempo para avaliar todos os documentos e argumentações apresentadas por ambas as partes, inclusive os detalhes encaminhados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes sobre o sistema prisional brasileiro — um dos fatores levados em consideração para a decisão sobre a extradição.

Após essa fase na Itália, mesmo que a Corte decida pela extradição, a decisão ainda poderá ser questionada em instâncias superiores no sistema judiciário italiano ou ser submetida à avaliação final do ministro da Justiça italiano, responsável por ratificar ou negar a entrega à Justiça brasileira.

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