Generais golpistas podem perder patente — mas famílias continuam a receber até R$ 35 mil por mês
Mesmo com condenações e risco de expulsão das Forças Armadas, dependentes dos oficiais mantêm salário como se os militares ainda estivessem no quadro ativo

A condenação dos generais envolvidos na trama golpista abriu caminho para que o Superior Tribunal Militar (STM) avalie se declarará “indignos ao oficialato” oficiais como Augusto Heleno, Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier — o que implicaria na perda de seus postos.
Mas, mesmo se o STM decretar a perda de patente, a remuneração não é automaticamente extinta. Conforme previsto na legislação militar, o soldo passa a ser repassado aos dependentes — esposa, filhos ou outros beneficiários —, o esquema conhecido como “morte ficta”.
Segundo dados públicos, os valores mensais são altíssimos: o ex-general Augusto Heleno lidera a lista com R$ 38.144,69; Garnier recebe R$ 37.585,59; Braga Netto e Paulo Sérgio têm proventos de R$ 36.881,74 cada. Para alguns, a despesa anual gira em torno de R$ 2 milhões.
Essa disparidade revela o escândalo: enquanto a justiça cobra penas e perde-se patentes, o Estado continua bancando generais e ex-oficiais condenados — ou suas famílias. A punição simbólica corre o risco de se transformar em concessão real. A frase-chave: Generais condenados podem perder patente, mas privilégios se mantêm nas costas da sociedade.
