Senador admite desentendimento com a ex-primeira-dama, promete decisões coletivas e tenta frear racha familiar-partidário

Flávio Bolsonaro esteve nesta terça-feira na sede da Polícia Federal em Brasília para visitar o pai, Jair Bolsonaro — preso preventivamente desde sábado, 22 de novembro. A visita, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), teve duração limitada, conforme regra judicial.

Ao deixar a PF, o senador informou que aproveitou o contato com o ex-presidente para “conversar seriamente” sobre a turbulência familiar e partidária que vinha ganhando os noticiários. Entre os acertos, Flávio disse que pediu desculpas à Michelle Bolsonaro — alvo de críticas nos últimos dias por declarações contrárias a alianças defendidas por parte da sigla Partido Liberal (PL).

Segundo Flávio, a reconciliação incluiu um compromisso de que decisões políticas e alianças do PL serão tomadas de forma coletiva daqui em diante — não mais por decisões individuais. A proposta seria instaurar uma rotina de “deliberação conjunta” entre membros do núcleo político da família e a cúpula do partido.

Na visita, os filhos mais próximos — inclusive o vereador Carlos Bolsonaro — acompanharam o senador, reforçando a imagem de unidade familiar e partidária. A foto da visita foi registrada, alimentando especulações de que o clã busca transmitir normalidade após dias de desgaste público.

Além disso, Flávio comentou que o pai estaria sob cuidados médicos, após episódios recentes de mal-estar e crise de “soluços” — conforme relato da defesa. O senador usou esse argumento para reforçar que, neste momento delicado, o foco deveria ser a saúde de Jair Bolsonaro e não disputas internas expostas à mídia.

A declaração pública de desculpas a Michelle, num contexto de tensão interna, representa um gesto de pacificação simbólica — mas também revela o tamanho do racha dentro do PL: as divergências não são apenas sobre alianças eleitorais, mas sobre quem realmente comanda a narrativa e a estratégia política do grupo.

Analistas ouvidos por veículos independentes avaliam que a movimentação de Flávio busca evitar o que poderia se tornar uma cisão irreversível no partido, num momento crítico de reorganização para as eleições de 2026. A pressão interna e a visibilidade negativa já vinham sendo interpretadas como risco para a coesão do bolsonarismo.

Por outro lado — e conforme relataram apoiadores — há desconfiança sobre a sinceridade do gesto: muitos acreditam que o pedido de desculpas é meramente tático, visando preservar poder e imagem, e que as disputas de influência devem retornar. Resta saber se o comprometimento com decisões coletivas resistirá frente a novos choques ideológicos ou ambições pessoais.

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