Senador defende o pai e acusa adversários de forjar “fake news”; discurso reacende dor da Covid-19 e revolta de sobreviventes

O senador Flávio Bolsonaro voltou a defender Jair Bolsonaro nesta terça, insistindo que o ex-presidente jamais imitou pessoas com falta de ar durante a pandemia — em referência aos vídeos polêmicos que circulam desde 2021. Segundo ele, as acusações que circulam nas redes são fruto de “fake news eleitoral”.

Para Flávio, a repercussão dos vídeos atinge não apenas o pai, mas todo o legado político da família — por isso, afirmou ser “inaceitável” que se tente transformar aquilo em símbolo de desumanidade. Em eventuais declarações públicas, ele chegou a afirmar que a criminalização do comportamento teria sido usada como arma política contra seu pai.

O posicionamento reacende uma ferida aberta na história recente do Brasil: os momentos mais dramáticos da pandemia — com centenas de milhares de mortes — voltam à tona. Para críticos da família, a insistência em negar as evidências reforça a cultura do negacionismo e da impunidade. Na pandemia, há registros públicos de lives em que Jair Bolsonaro simula dificuldade para respirar ao criticar protocolos sanitários — atos que, para muitos, foram ofensivos às vítimas da Covid-19.

Ao mesmo tempo, o movimento de Flávio tenta resgatar o discurso de que qualquer acusação contra o ex-presidente seria parte de uma campanha de “difamação” montada por adversários políticos e pela grande mídia. A estratégia busca blindar o clã Bolsonaro contra novas investidas judiciais ou eleitorais centradas no legado da pandemia — em um momento em que o conservadorismo tenta reerguer sua narrativa para 2026.

Mas a insistência pública do senador não evita o desgaste de imagem. Organizações de direitos humanos, profissionais de saúde e familiares de vítimas respondem com críticas duras: para eles, negar a existência de vídeos e relatos é tentativa clara de apagar a memória histórica do sofrimento — e manter aberta a porta do negacionismo e da impunidade.

A polêmica reacende o debate sobre responsabilidade, memória coletiva e o papel de lideranças políticas na pandemia — justamente quando o país se prepara para ciclos eleitorais que pedem reflexão, reparação e justiça social.

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