Senador do PL parte para o ataque furioso ao procurador-geral reconduzido, exige “respeito” e revela fissura aberta entre os Bolsonaro e instituições jurídicas

O senador Flávio Bolsonaro, do PL-RJ, protagonizou um momento de forte exaltação durante a sabatina de Paulo Gonet para recondução à Procuradoria‑Geral da República (PGR). Em discurso carregado, Flávio criticou duramente Gonet, acusando-o de “aceitar passivamente” decisões do Supremo Tribunal Federal e de perseguir aliados do clã Bolsonaro — além de exigir, em tom de desafio, que se respeite o seu pai, Jair Bolsonaro.
Já o presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), classificou a conduta de Flávio como “constrangedora” e pediu calma: “A serenidade deve prevalecer sobre a exaltação.”

O embate

Flávio acusou Gonet de colaborar com o conluio entre a PGR e o STF, dizendo que ele “envergonha a PGR” e que mudou sua postura desde a primeira sabatina. “O senhor aceitou calado, deixou de intervir… deus lhe deu uma chance de se redimir, mas o senhor fez o contrário”, declarou o senador.
Em resposta, o ambiente da sabatina ficou tenso, com parlamentares pedindo que Flávio fosse contido e que o decoro da sessão fosse mantido. A saída foi a forma: críticas públicas e pressão explícita sobre o procurador-geral e o governo.

Por que isso importa

Para nós que defendemos justiça social, democracia e soberania popular, esse episódio revela múltiplos elementos estruturais:

  • O clã Bolsonaro enfrenta desgaste e, em vez de reconstruir diálogo, aposta no confronto — o que fragiliza não só o grupo, mas o próprio sistema democrático.
  • A recondução de Gonet era vista como vitória para a independência institucional da PGR — a reação de Flávio mostra que nem toda ala da direita está confortável com esse tipo de institucionalização.
  • Quando um parlamentar ataque publicamente a principal instituição de investigação do país, estamos diante não apenas de briga política, mas de sinal de crise institucional.

Consequências políticas

  • Flávio pode ganhar apoio entre radicais da base bolsonarista, mas o custo é o aumento da rejeição e o enfraquecimento da imagem de “alternativa séria”.
  • A PGR e o STF se tornam novamente palco de disputa simbólica — e quanto mais isso se polariza, mais política vira jogo de espetáculo e menos de conteúdo ou de governança real.
  • Para a esquerda, o momento exige mobilização: com a direita se fragmentando, abre-se espaço para consolidar narrativas de responsabilidade política, transparência e soberania legislativa — não mero embate de egos.

Conclusão

Flávio Bolsonaro não fez apenas uma crítica à recondução de Gonet: ele expôs um rachadura da direita, demonstrou que o aparato institucional está quando convém, e quando não, vira alvo de fúria. Para nós, que acreditamos numa política de gente, para gente, isso não é espetáculo — é momento de vigilância, de exigir que as instituições funcionem, que os direitos humanos se valorizem e que o poder não se torne plataforma de vingança ou de vaidade.

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