Investigação da Polícia Federal indica que parentes de líder garimpeiro teriam emitido documentos falsos e auxiliado o ex-deputado Alexandre Ramagem a se estabelecer em Miami para escapar da Justiça brasileira

A Polícia Federal (PF) identificou que a família do garimpeiro Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas, desempenhou papel central na emissão de documentos falsos e na manutenção do ex-deputado Alexandre Ramagem nos Estados Unidos, conforme consta em inquérito que investiga a fuga e o apoio logístico ao parlamentar condenado no contexto da trama golpista de 8 de janeiro de 2023.

Segundo a investigação, Rodrigo Cataratas, sua esposa Priscila Freitas de Mello e o filho Celso Rodrigo de Mello teriam sido responsáveis por viabilizar a obtenção de documentos destinados a “ludibriar as autoridades americanas” — entre eles uma carteira de motorista — e financiar a estadia de luxo de Ramagem em Miami, onde ele se encontra desde setembro.

De acordo com a PF, os documentos falsos teriam o “claro intuito de financiar a organização criminosa” e sustentar a permanência clandestina de Ramagem em território norte-americano. A situação agravou a situação judicial do ex-parlamentar, que já cumpria pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Prisões e desdobramentos da investigação

No último fim de semana, a Polícia Federal prendeu Celso Rodrigo de Mello, em Manaus, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a trama golpista no STF. A prisão ocorreu no âmbito das apurações sobre uso de documentos falsos e auxílio à fuga de Ramagem.

A investigação segue em andamento e pode resultar em novas medidas judiciais contra outros envolvidos, conforme aprofundamento dos elementos probatórios reunidos pela PF.

Repercussões políticas

Rodrigo Cataratas, líder do movimento autodenominado “Garimpo é Legal” e pré-candidato ao Senado, declarou patrimônio milionário em eleições anteriores e já foi candidato a deputado federal pelo PL. A participação de sua família no caso pode gerar impacto político e repercussões em sua campanha e imagem pública.

Por outro lado, defensores dos investigados afirmam que ainda não tiveram acesso aos autos e aguardam manifestação formal da defesa para apresentar esclarecimentos sobre as acusações.

Conexão com a trama golpista

A operação se insere nas investigações mais amplas sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, quando dezenas de pessoas foram condenadas pelo STF por ataques às instituições brasileiras. Ramagem é um dos condenados e encontra-se foragido no exterior, com sua citação nos inquéritos sendo pivotante para as ações judiciais em curso.

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