Mercado reage: estrangeiros retiram R$ 2 bi da B3 após anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
Ibovespa despenca mais de 4% com fuga de capital e reforça clima de aversão ao risco diante de nova turbulência política

Nesta sexta-feira (5 de dezembro de 2025), o mercado financeiro brasileiro sofreu um forte abalo com a declaração de pré-candidatura à Presidência de Flávio Bolsonaro, feita oficialmente pelo senador. A decisão — inesperada para muitos analistas — desencadeou uma reação imediata: investidores estrangeiros retiraram aproximadamente R$ 2 bilhões do segmento secundário da B3.
Impacto nos mercados
O recuo brusco na confiança se refletiu no desempenho do principal índice da bolsa: o Ibovespa caiu 4,31% no dia, registrando sua maior baixa recente. Segundo analistas, a queda foi provocada por um “efeito surpresa”: era esperado que o processo eleitoral ainda fosse conduzido com cautela, e a confirmação antecipada do nome de Flávio desestabilizou quem mantinha posições de risco.
Para especialistas de renda variável, o anúncio teria desorganizado as apostas de quem esperava uma candidatura centrista — com menos aversão ao risco — como base eleitoral da direita. A fuga de capital estrangeiro fortaleceu a percepção de que o Brasil volta a ser visto como “mercado de risco”, ao menos no curto prazo.
Reações de analistas e investidores
Segundo um analista sênior citado pelo relatório, a retirada de recursos foi impulsionada pela “imprevisibilidade do gesto político.” “Se ele vai levar a candidatura adiante, não sei”, admitiu. O setor financeiro interpretou a pré-candidatura como sinal de que o país poderá voltar a conviver com maior instabilidade política e institucional — contexto historicamente associado a aversão de investidores.
Além disso, a declaração posterior de que a candidatura seria “irreversível” reacendeu a apreensão. Nesta terça-feira (9 de dezembro), o Ibovespa voltou a recuar — e a instabilidade política ganhou destaque entre os fatores de pressão sobre os ativos domésticos.
Implicações para economia e política
A fuga de capitais evidencia a sensibilidade do mercado brasileiro a ruídos políticos. A combinação de incerteza eleitoral com risco institucional tende a encarecer o custo de capital, desestimular investimentos externos e pressionar o câmbio — especialmente em um contexto global ainda instável.
Para o próximo ciclo eleitoral, o episódio serve como alerta: o que era esperado como mera movimentação partidária extrapolou fronteiras políticas e impactou diretamente a arroba financeira e a confiança de investidores externos. Caso o desequilíbrio persista, o país pode enfrentar dificuldades para retomar ritmo de investimentos e crescimento, sobretudo se unido a outras crises (fiscal, social, institucional).
Para a candidatura de Flávio Bolsonaro, o recado do mercado é claro: o apoio financeiro internacional — sempre sensível à previsibilidade — exige estabilização de expectativas políticas. A turbulência recente pode reduzir o tempo de manobra para consolidação de alianças e, quem sabe, obrigar ajustes na estratégia eleitoral da direita.
