Eduardo Bolsonaro propõe troca de aliado do PL na Mesa da Câmara após perda de mandato
Ex-deputado do PL critica decisão que cassou seu mandato, questiona composição da Mesa Diretora e sinaliza disputa interna sobre identidade partidária do grupo

Em uma transmissão ao vivo nesta sexta-feira (19), o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendeu publicamente a substituição de um integrante da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados indicado pelo Partido Liberal (PL), em meio ao debate político gerado após sua própria cassação de mandato. A sugestão foi feita enquanto ele comentava os desdobramentos políticos internos do PL e a condução dos acontecimentos recentes na Casa Legislativa.
Eduardo Bolsonaro — que perdeu o mandato por excesso de faltas não justificadas, uma vez que estava nos Estados Unidos desde fevereiro de 2025 — afirmou que a cassação não foi um ato isolado e criticou o papel da Mesa na condução da decisão que resultou na perda de seu cargo. A Constituição Federal prevê a perda de mandato quando um parlamentar se ausenta por mais de um terço das sessões deliberativas, condição que se configurou no caso dele.
Críticas à Mesa Diretora e a aliados
Sem citar nomes diretamente durante a live, Eduardo Bolsonaro sugeriu que o PL poderia substituir um membro da Mesa Diretora responsável pela assinatura do ato que oficializou sua cassação, referindo-se à condição política daquele integrante dentro da sigla e da diretoria da Câmara. De acordo com a matéria, tratava-se de uma figura identificada internamente como aliada que apoiou formalmente a decisão que revogou seu mandato.
O ex-parlamentar também critica a postura do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) — que presidiu a Mesa Diretora responsável pela publicação da cassação — por, segundo ele, conduzir de maneira “inédita” a condução de sua situação e a recusa em reconhecer sua liderança da Minoria após a renúncia de outra deputada do PL.
Essa posição de Eduardo Bolsonaro coloca em evidência um ambiente de disputa interna na sigla, em que setores do PL recomendam maior alinhamento entre os membros da direção partidária e o bloco que representa os interesses mais próximos ao bolsonarismo tradicional. A defesa de mudança na composição da Mesa Diretora é vista por analistas políticos como uma tentativa de reposicionamento do grupo de Eduardo dentro do partido — buscando ceder espaço a vozes que defendam mais veementemente a identidade ideológica original do PL, especialmente após eventos que colocaram a legenda sob intenso escrutínio público.
Contexto da cassação e reação política
A cassação de Eduardo Bolsonaro aconteceu após ele acumular faltas não justificadas em sessões deliberativas da Câmara, decorrente de sua permanência prolongada no exterior — principalmente nos Estados Unidos — desde o início do ano. Essa ausência, além de ser interpretada como descumprimento das obrigações regimentais do parlamento, gerou forte reação dentro do PL e fora dele, com debates sobre a legitimidade política da decisão e seu impacto nas eleições de 2026.
Além disso, Eduardo Bolsonaro teceu críticas à liderança do PL sobre episódios em que o partido havia sinalizado a expulsão de aliados críticos à gestão de temas diplomáticos e jurídicos — mas posteriormente recuou, preservando a filiação daqueles membros considerados estratégicos para a bancada. Esse histórico recente alimenta o debate interno sobre como equilibrar coesão partidária e identidade política diante de pressões externas e institucionais.
Repercussão entre parlamentares
A movimentação de Eduardo Bolsonaro também provocou repercussões entre outros parlamentares do PL e seus aliados na Câmara, alguns dos quais já manifestaram posições divergentes sobre decisões internas e a relação com o grupo do ex-deputado. Enquanto setores defendem maior disciplina de partido e apoio à Mesa Diretora, outros avaliam que a perda de mandato e as críticas públicas podem aprofundar cisões internas justamente às vésperas de um ano eleitoral.
Políticos de oposição também observaram que a discussão — ainda que desemboque em disputa por espaços na Mesa Diretora — insere o PL em um momento de instabilidade interna que pode reverberar no cenário legislativo mais amplo, influenciando negociações sobre projetos centrais e posturas do Congresso no início de 2026.
Perspectivas e próximos capítulos
A sugestão de Eduardo Bolsonaro para substituir o aliado na Mesa da Câmara abre um novo capítulo nos debates internos da sigla, reforçando que as decisões recentes — como a sua cassação e a condução de lideranças — podem implicar reorientações estratégicas em um momento de forte disputa política no país.
Com as eleições de 2026 se aproximando, esse tipo de movimento político dentro de partidos pode refletir não apenas disputas pontuais, mas também prioridades sobre quem representará as correntes ideológicas e quais lideranças serão protagonistas no próximo ciclo político brasileiro.
