“Operação Carbono Oculto expõe elo entre PCC, agentes públicos e o Banco Master, segundo delações
Delações de Roberto Augusto e Mohamad Hussein revelam funcionamento de esquema bilionário no setor de combustíveis e apontam participação de políticos e instituições financeiras, elevando a operatividade das investigações

As investigações ligadas à Operação Carbono Oculto ganharam novo capítulo com as delações de dois grandes alvos: “Beto Louco” e “Primo”.
Segundo relatos divulgados pelo portal DCM, as colaborações premiadas revelam que o Primeiro Comando da Capital montou uma estrutura industrial-financeira no setor de combustíveis, com respaldo de agentes públicos e ainda conexão direta com o Banco Master, foco de outra apuração de grande vulto.
De acordo com os depoimentos, Roberto Augusto Leme da Silva (‘Beto Louco’) firmou acordo de delação e detalhou como operava uma rede de empresas-fachada, importações de metanol e distribuição de combustíveis adulterados, com valor estimado em R$ 52 bilhões em movimentações.
Já Mohamad Hussein Mourad (‘Primo’) está em negociação de colaboração e trouxe à tona a intermediação entre operadores do crime organizado e servidores públicos que teriam facilitado os atos ilícitos.
A investigação aponta que o Banco Master recebeu investimentos de fundos controlados por organizações investigadas — entre elas a gestora Reag Investimentos, alvo direto da Carbono Oculto.
As delações sugerem que o caso banco-Master não é isolado, mas faz parte de uma logística financeira que permite a infiltração da facção criminosa em ambientes formais da economia, numa combinação de crime organizado, agentes públicos e sistema financeiro.
Politicamente, o alcance dessas revelações é profundo: ao identificar servidores públicos e operadores políticos conectados a esse esquema, a apuração coloca em xeque mecanismos de controle do Estado e desafia a impunidade. A narrativa de “mercado informal” se torna, de fato, política e institucional: o crime organizado não atua à margem, mas dentro do aparelho estatal.
Para nós, brasileiros, este episódio mostra que o real combate à criminalidade não é apenas policial — é estrutural. Um esquema que envolve facções como o PCC, agentes públicos e bancos chamados “normais” exige mais do que mandados e operações: demanda transparência, responsabilização e reforma profunda no sistema de fiscalização. A delação de Beto Louco e Primo pode ser o primeiro tijolo derrubando o castelo de privilégios escancarados no mercado de combustíveis.
