Critérios eleitorais e estratégicos pesam contra nome do clã Bolsonaro

Lideranças nacionais do Centrão e do PL comunicaram a Flávio Bolsonaro — em reunião reservada realizada no dia 9 de dezembro — que sua candidatura à Presidência da República em 2026 seria “eleitoralmente inviável”, sobretudo em regiões onde o sobrenome Bolsonaro enfrenta alta rejeição.

Entre os presentes ao encontro estavam dirigentes de peso, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira; e o presidente do União Brasil, Antônio Rueda — além de parlamentares de estados estratégicos como o Nordeste, onde o histórico do bolsonarismo criou forte aversão popular.

Segundo essas lideranças, a “herança pesada” do sobrenome Bolsonaro seria um obstáculo insuperável em estados de grande importância eleitoral para o bloco. A avaliação oficial é de que a postulação poderia causar não apenas derrota própria, mas comprometer candidaturas de deputados e senadores de direita nos Estados onde o eleitorado adverso ao bolsonarismo é majoritário.

A alternativa preferida pelo grupo é o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), visto como o nome com melhor equilíbrio entre atração do eleitorado conservador e menor rejeição popular fora dos polos tradicionais bolsonaristas.

Apesar do receio da cúpula, aliados de Flávio afirmam que ele exibiu “pesquisas internas favoráveis” e insistiu na viabilidade da disputa — um sinal de que o embate interno na direita pode se alongar nas próximas semanas.

Ruptura estratégica põe em xeque unidade da direita

O desconforto com a candidatura de Flávio não é novo. Diversos integrantes do Centrão e partidos tradicionais da direita já vinham sinalizando resistência publicamente.

Fontes ouvidas pelo portal indicam que, caso a candidatura avance, já se prepara um cenário de neutralidade ou dispersão de apoio — permitindo que partidos como União Brasil e PP priorizem candidaturas próprias ou focadas em estaduais, evitando “carregar o ônus do nome Bolsonaro”.

Além disso, a decisão pública de dirigentes de siglas importantes reafirma o caráter pragmático das elites políticas: a rejeição popular nas regiões que serão decisivas para 2026, combinada com o medo de fragilizar bancadas e coligações, parece pesar mais do que fidelidade ideológica ou legado familiar.

Impactos imediatos e o que esperar daqui para frente

  • A mensagem enviada a Flávio Bolsonaro já provocou fissuras internas no PL e no bloco do Centrão — há quem questione a viabilidade eleitoral e quem avalie buscar alternativas mais competitivas.
  • A escolha de Tarcísio de Freitas como nome preferencial para representar o centro-direita ganha força, o que pode consolidar uma candidatura de direita “not-Bolsonaro”.
  • A internação das divergências do bolsonarismo realça o risco de fragmentação da direita tradicional e reforça a possibilidade de 2026 ser marcada por uma disputa entre “direita moderada” x “direita radical/público bolsonarista”.
  • Para a base da esquerda e do campo progressista, é uma oportunidade: a dispersão da oposição potencialmente favorece consolidação eleitoral e enfraquece blocos conservadores.

Assim, a recomendação da cúpula do Centrão e do PL a Flávio Bolsonaro não é apenas uma discordância pontual — é um sinal claro de que, no tabuleiro eleitoral de 2026, o pragmatismo partidário pode se sobrepor ao legado familiar e à lealdade simbólica. A direita vive momento de debate interno intenso: redefinição de nomes e estratégias pode determinar os rumos da disputa.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.