Convocação ampla fracassa; ausência de bloqueios indica desalinhamento entre mobilização e categoria real

Apesar da convocação para uma paralisação nacional nesta quinta-feira (4/12), a categoria dos caminhoneiros não aderiu em massa — e as rodovias federais amanheceram sem bloqueios nem interdições pelo país. A chamada para a greve havia sido feita por alguns representantes da classe, mas acabou não obtendo respaldo das principais lideranças e tampouco mobilizou caminhoneiros autônomos nas estradas.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nenhuma comunicação formal de protesto ou interrupção de tráfego foi protocolada — e, portanto, não houve base legal para qualquer bloqueio. O código de trânsito vigente exige autorização prévia para ações que interfiram na livre circulação, e a corporação reforçou que permanece com patrulhamento normal nas mais de 75 mil quilômetros de rodovias federais.

No Distrito Federal, entorno, São Paulo, Rio de Janeiro e demais regiões que vinham sendo citadas como possíveis focos da paralisação, a manhã transcorreu sem aglomerações nem filas de caminhões — um sinal claro de que o movimento, esperado por alguns como amplo e nacional, não decolou.

A greve foi anunciada por algumas lideranças associadas ao Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de Ourinhos (Sindicam-SP) e por representantes como o caminhoneiro conhecido como “Chicão” e o desembargador aposentado Sebastião Coelho. A pauta pretendia focar em demandas históricas da categoria: estabilidade contratual, melhores condições de trabalho, reforma do marco regulatório, e aposentadoria especial após 25 anos de estrada.

No entanto, figuras influentes da categoria se mobilizaram contra a paralisação. Um dos líderes mais visíveis, Wallace Landim — conhecido como “Chorão” — declarou publicamente que não participaria da greve, classificando o movimento como politizado e alertando para o uso da mobilização para fins eleitorais ou favoráveis ao ex-governo.

Especialistas e analistas do setor interpretam a rejeição generalizada ao movimento como reflexo da falta de consistência e representatividade da convocação — num momento em que muitos caminhoneiros já vivem sob condições de precarização, mas não se sentem representados por lideranças que misturam reivindicação legítima com interesses políticos. A depender da condução do debate, a mobilização anunciada pode terminar como mais um sinal da fragmentação da categoria.

Por ora, não há confirmação de nova data de paralisação, tampouco declarações de entidades nacionais representativas que assegurem adesão em massa. O governo federal e autoridades de trânsito continuam monitorando a situação com normalidade.

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