Documentos internos mostraram que o governo tinha dados precisos sobre o avanço da destruição na Amazônia antes de embaixadas diplomáticas negarem a realidade em discursos internacionais

O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sabia que o desmatamento na Amazônia estava aumentando de forma significativa, mas ainda assim optou por **negá-lo publicamente em discursos na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Relatórios internos da administração mostram que dados precisos sobre a destruição das florestas foram enviados ao Palácio do Planalto antes das falas diplomáticas, contrariando a narrativa oficial de conservação ambiental apresentada ao mundo.

Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, na ICL Notícias, os documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) indicavam claramente que o desmatamento na Amazônia aumentou substancialmente no período de agosto de 2019 a abril de 2020, chegando a índices até 50% superiores ao mesmo intervalo anterior.

Negação pública diante de dados concretos

No palco das Nações Unidas, em setembro de 2019, Bolsonaro afirmou que o Brasil tinha “um compromisso solene com a preservação do meio ambiente” e que “a nossa Amazônia permanece praticamente intocada”, defendendo a imagem de que o país era líder em conservação de florestas tropicais.

Apesar dessas declarações públicas, os relatórios internos mostraram que o governo federal tinha ciência — por meio de monitoramento satelital e dados oficiais — de um avanço acelerado do desmatamento, inclusive com aumento expressivo da derrubada de mata em áreas públicas, foco de grilagem e exploração ilegal.

Impactos e contradições

Especialistas e organizações ambientais lembram que esse tipo de discurso oficial pode enfraquecer a credibilidade do Brasil junto à comunidade internacional e dificultar esforços globais de combate ao aquecimento global e à perda de biodiversidade. Dados de instituições independentes e sistemas de monitoramento por satélite já demonstraram que a destruição florestal nacional aumentou substancialmente durante o governo Bolsonaro — inclusive em comparação com anos anteriores ao seu mandato.

A tensão entre dados científicos e narrativas oficiais não é inédita. Em 2019, Bolsonaro chegou a criticar abertamente o diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) por divulgar relatórios que apontavam elevações nos índices de desmatamento, atacando a confiabilidade dos dados e demitindo o diretor da instituição na época.

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