Bolsonaro alega refluxo, apneia e dieta especial em audiência de custódia no STF
Defesa usa quadro de saúde fragilizado para tentar abafar críticas e garantir tratamento diferenciado atrás das grades

Durante audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (26), por videoconferência no âmbito da ordem de prisão em que se encontra, Jair Bolsonaro relatou à juíza auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes ter refluxo gástrico, apneia do sono e necessidade de alimentação especial. Ele também afirmou fazer uso de cinco medicamentos, conforme consta na ata enviada ao Supremo.
No depoimento, Bolsonaro disse que não havia sofrido nenhum abuso ou irregularidade durante sua prisão pela Polícia Federal — uma tentativa clara de blindar juridicamente sua custódia, enquanto sua defesa busca atenuar as consequências da condenação de 27 anos e 3 meses por golpe.
A defesa já havia enviado ao tribunal um dossiê médico com múltiplos exames recentes apontando comorbidades que consideram incompatíveis com regime fechado: problemas cardíacos, respiratórios, gastrointestinais e neurológicos.
Para o governo bolsonarista e seus apoiadores, o apelo à “saúde debilitada” funciona como escudo contra a deterioração de imagem — buscando quadro humanizado em meio à derrocada judicial. Mas para o país que luta por justiça e pelo fim da impunidade seletiva, é inaceitável permitir que privilégios escapem às regras aplicadas aos demais.
