Só seis meses depois do aval presidencial, prisão e escândalos transformam o “plano 2026” em fiasco

Em maio deste ano, Jair Bolsonaro lançou Rodrigo Bacellar — presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) — como seu candidato ao governo do Rio em 2026, numa tentativa de reorganizar o tabuleiro da direita no estado.

Na ocasião, o apoio de Bolsonaro era visto como cartão de ouro: Bacellar aparecia como o nome de consenso da direita, com força eleitoral e respaldo institucional para suceder o atual governador.

Mas a ruína veio tão rápido quanto o anúncio. Na manhã de 3 de dezembro, Bacellar foi preso pela Polícia Federal, acusado de envolvimento em vazamento de informações sigilosas relativas a uma operação contra milícias e crime organizado — suspeita gravíssima que arrasta seu nome do status de “preferido” a “réu” na política fluminense.

Com a prisão, o que era uma aposta política virou um abacaxi para quem acreditava que a direita poderia reposicionar-se com força no RJ. A expectativa de reconstrução de base eleitoral se desmancha diante dos novos fatos: o nome de Bacellar agora carrega a marca da criminalidade, das suspeitas de conluio com milícias e do desrespeito aos interesses públicos.

O impacto imediato nas eleições de 2026

Fontes próximas ao processo eleitoral no Rio avaliam que a prisão de Bacellar desmonta qualquer chance de sua candidatura. O apoio formal de Bolsonaro — que já era visto com ressalvas por setores mais pragmáticos do campo de direita — perde valor diante das evidências de que o nome era mais uma aposta de fachada do que uma opção real de poder.

Além disso, o episódio abala a credibilidade de alianças já formadas e suscita desconfiança interna: apoiadores agora recorrem a outros nomes de reserva ou preferem aguardar desdobramentos judiciais antes de se comprometer com qualquer candidatura à governança do estado.

O simbolismo de uma aposta falhada — crise de imagem da direita

Para nós, que defendemos justiça social, democracia e soberania popular, esse episódio revela o quanto a velha direita — ligada a negociatas, milícias e impunidade — depende de falsas promessas e arranjos escusos para se manter à tona. A derrocada de Bacellar mostra que não há plano eleitoral que resista quando a justiça começa a agir — e isso enfraquece o discurso de moralidade seletiva usado por tantos.

Não se trata apenas de um candidato preso ou de um nome descartado: é o desmoronamento de uma estratégia de poder construída sobre crimes, corrupção e conivência com violências estruturais. A “direita de fachada” cai — e com ela seus mitos sobre ordem, segurança e governo “honesto”.

Este caso não pode virar apenas mais uma manchete passageira: deve servir como alerta para quem acredita que o Estado pode ser manipulado como balcão de negócios, e para que se exija punição integral — não apenas de Bacellar, mas de todos os que compactuaram com esse arranjo.

Fonte: Revista Fórum

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