Ex-presidente alega mal-estar causado por ruído constante do gerador próximo à sala onde cumpre prisão

Desde sua prisão na sede da PF em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro reclama de dores de cabeça constantes — um mal-estar que sua defesa atribui diretamente ao ruído contínuo de um gerador instalado próximo à sala de estado-maior onde ele cumpre a pena.

Bolsonaro está detido desde 22 de novembro e permanece em uma sala especial reservada a autoridades com prerrogativa de foro. A sala, embora equipada de forma relativamente confortável — com cama, frigobar, ar-condicionado e banheiro privativo —, está localizada ao lado de um gerador que, segundo relatos, funciona de forma constante, gerando barulho contínuo que, conforme a defesa, estaria afetando a saúde do ex-mandatário.

As reclamações já foram formalmente apresentadas à PF e têm sido mencionadas tanto em conversas com advogados e equipe médica quanto em visitas de familiares. A alegação é de que o ambiente se tornou insalubre, incompatível com padrões mínimos de custódia — especialmente quando a fonte de detenção deveria garantir direitos básicos mesmo para condenados.

Fontes próximas à defesa indicam que o desconforto se intensificou depois que a PF restringiu a circulação de Bolsonaro pelos corredores do prédio, em represália a imagens registradas na saída de uma visita. Desde então, a superintendência teria instalado películas nos vidros e endurecido os protocolos de controle, o que reforça o isolamento do ex-presidente.

A denúncia de “barulho de gerador PF Brasília” reacende o debate sobre as condições de detenção de ex-presidentes no país e acende o sinal de alerta para direitos humanos e dignidade no cumprimento de penas. Ainda que a pena imposta a Bolsonaro seja resultado da condenação por tentativa de golpe e tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito, o Estado — como qualquer Estado democrático que se pretende — tem a obrigação de garantir condições mínimas de custódia, inclusive de saúde e integridade física e psicológica.

Para aliados e advogados de Bolsonaro, a falta de providências ou a manutenção do ruído excessivo representariam não apenas um descumprimento de normas de detenção, mas uma forma de pressão simbólica, politicamente orientada, que beira o uso da custódia como instrumento de humilhação. Já entre opositores e defensores da democracia, esse relato reforça a crítica de que a prisão de Bolsonaro é menos sobre justiça e mais sobre espetáculo — uma detenção que mistura condenação legal e espetáculo midiático.

Por outro lado, a PF não emitiu, até o momento, resposta pública sobre a reclamação de barulho ou sobre qualquer medida para modificar o ambiente onde o ex-presidente se encontra. A falta de transparência sobre as condições da detenção — incluindo a manutenção de geradores funcionando ao lado de celas ou salas de Estado-Maior — preocupa defensores de direitos humanos, advogados de presos e organizações ligadas à dignidade carcerária.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.