Com 78 anos, Heleno afirma à perícia militar que convive com demência desde 2018

O general Augusto Heleno, condenado a 21 anos de prisão por participação na trama golpista, informou ao realizar exame de saúde no Comando Militar do Planalto (CMP), em Brasília, que sofre de Alzheimer desde 2018. O diagnóstico consta em relatório oficial entregue ao Exército, no mesmo dia em que foi ordenado o início de cumprimento da pena.

De acordo com o documento, o militar relatou “perda de memória recente importante, prisão de ventre e hipertensão, em tratamento medicamentoso”. Apesar das comorbidades declaradas, o laudo indica que ele estava “em bom estado geral, alerta e com sinais vitais regulares”. Neste contexto, o CMP determinou que Heleno cumprirá a pena em instalações militares reservadas a oficiais de alta patente — uma acomodação especial, dentro da lógica castrense.

Heleno chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) entre 2019 e 2022, dentro do governo de Jair Bolsonaro — cargo que ocupou mesmo supostamente já acometido pela doença. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou Heleno e outros generais teve trânsito em julgado em 25 de novembro de 2025, abrindo caminho para a execução imediata das penas de prisão.

A revelação — um dos raros casos em que o acusado invoca condição de saúde ao ser preso por crime de alta gravidade — reacende debates sobre o tratamento de presos idosos e a proporcionalidade entre punição penal e vulnerabilidade física. Para amplos setores da sociedade que acompanham o rastro da trama golpista, porém, a conclusão é clara: não há abrigo para impunidade — nem para doença quando ela serve de cortina para crimes contra a democracia.

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