Depois de prisão em Roma em julho, a deputada bolsonarista aguarda julgamento que pode levá-la de volta ao Brasil; audiência da corte italiana define seu destino

A deputada federal Carla Zambelli, do PL-SP, enfrenta mais uma virada decisiva: a corte de apelação de Roma agendou para 27 de novembro de 2025 a audiência que definirá seu destino. A parlamentar, presa na Itália desde julho, será ouvida por juízes que decidirão se concede ou não a extradição para o Brasil, onde ela já tem condenação definitiva.

O que aconteceu até aqui

Zambelli foi detida em Roma em 29 de julho de 2025 e desde então aguarda decisão sobre seu retorno ao Brasil. O processo foi motivado por sua dupla nacionalidade e por execução de medidas brasileiras que já a condenaram — segundo fontes, ela responde a penas de mais de 10 anos por crimes ligados à invasão de sistemas públicos. Um pedido de extradição foi protocolado pelo governo brasileiro, com base no acordo bilateral com a Itália.

Por que a audiência importa

A audiência de 27 de novembro não é apenas um ritual jurídico: representa um teste para a força do Estado brasileiro em exigir cumprimento de seus processos independentemente de quem seja a acusada — e para mostrar se a “direita vassalocrata” que deu abrigo a Zambelli será capaz de protegê-la até o fim.
Se a Itália conceder a extradição, Zambelli será repatriada e cumprirá pena no Brasil, abrindo precedente de que cidadãos nacionais com dupla cidadania não escaparão das consequências criminais. Se não, será mais um exemplo de impunidade transnacional.

A defesa e o cenário político

A defesa da deputada alegou fraude processual, perseguição política, e chegou a anunciar greve de fome como protesto contra o pedido italiano. Por outro lado, especialistas de extradição já classificaram o risco de fuga dela como alto — por conta da cidadania italiana e da articulação internacional — o que pesa contra a sustentação da defesa.
Politicamente, o caso abala o PL-SP e os artefatos da direita: proteger Zambelli significa sustentar que autoridades públicas podem operar impunemente mesmo após condenação. Para nós que defendemos igualdade perante a lei, isso é intolerável.

Implicações e consequências

  • Se extraditada: abre-se precedente de responsabilização de parlamentares que operam internacionalmente fora da lei.
  • Se não extraditada: acentua-se o sentimento de que “os de cima” continuam fora do alcance da justiça — reforçando descrença popular.
  • No meio, a narrativa da soberania nacional se impõe: não basta condenar, é preciso cumprir. E não podemos aceitar arranjos de bastidores que salvam políticos de elite.
  • Para o Brasil, o episódio também tangencia a lógica do Sul Global: quando autoridades são tratadas com privilégio internacional, reforça-se o padrão colonial de impunidade. Uma democracia forte exige que o poder seja submetido ao direito — e não que o direito seja submisso ao poder.

O que observar agora

Nos próximos dias, vamos acompanhar:

  • Qual será a posição oficial do governo brasileiro e do Itamaraty.
  • O parecer da Promotoria italiana sobre o pedido de extradição.
  • Como Zambelli responderá na audiência — se reconhecerá, contestará ou prolongará a luta jurídica.
  • Quais serão as reações da base bolsonarista: se farão dela mártir ou símbolo de blindagem.
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