Saída da deputada encerra impasse institucional e destrava agenda do Congresso em semana decisiva para pautas econômicas

A renúncia da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ao mandato **aliviou uma das principais crises institucionais recentes entre a Câmara dos Deputados e o Supremo Tribunal Federal (STF), permitindo um recuo das tensões e abrindo caminho para a normalização dos trabalhos legislativos no Congresso.

O anúncio da saída de Zambelli foi feito neste domingo (14) por meio de carta pública, em que a parlamentar afirmou que deixou o cargo para marcar discordância em relação ao papel da Corte, além de registrar sua posição política diante da decisão judicial que anulou a votação da Câmara que, dias antes, havia rejeitado sua cassação.

Solução política para impasse institucional

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), vinha enfrentando uma pressão intensa tanto da Suprema Corte quanto de setores do bolsonarismo que se opunham ao cumprimento imediato da decisão judicial. A articulação política para a renúncia envolveu conversas com familiares de Zambelli, seus advogados e dirigentes do PL, com o objetivo de evitar um confronto mais profundo entre os Poderes.

A saída negociada permitiu à Câmara evitar uma escalada da crise institucional, uma vez que o STF havia determinado a perda do mandato de Zambelli por meio de despacho do ministro Alexandre de Moraes, decisão depois referendada por unanimidade pela Primeira Turma da Corte. A renúncia representa uma alternativa que atende à ordem judicial sem expor a Casa a um novo embate público com o Judiciário.

Posse do suplente e destravamento da pauta

Com a renúncia oficializada, a Mesa da Câmara determinou a convocação do suplente Adilson Barroso (PL-SP) para tomar posse. Barroso, que já ocupou mandato anteriormente, é visto como um nome alinhado à base bolsonarista e deverá assumir o lugar de Zambelli sem gerar maiores rupturas internas.

A resolução do caso também permitiu que a Câmara destravasse a agenda legislativa, que estava ameaçada por tensões entre parlamentares e ministros do STF. Em uma semana marcada por pautas econômicas prioritárias — como a votação do Orçamento e do projeto que reduz benefícios fiscais, defendidos pelo governo — a normalização das relações institucionais contribui para um ambiente mais estável no plenário.

Repercussões e contexto jurídico

Zambelli havia sido condenada pelo STF em maio de 2025 a dez anos de prisão pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, no contexto de ataques a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A tentativa de manter o mandato mesmo após a condenação gerou críticas de magistrados e parlamentares, e a renúncia encerra, ao menos temporariamente, um dos episódios mais tensos entre o Legislativo e o Judiciário no ano.

Em sua carta de despedida, Zambelli rejeitou a ideia de que a renúncia representasse fraqueza, afirmando que a decisão foi tomada para deixar registrado seu posicionamento perante a opinião pública e evitar novos embates que pudessem prejudicar a Câmara.

Impacto político e próximos passos

Analistas políticos avaliam que o desfecho abre espaço para a retomada de debates importantes no Congresso, além de diminuir a pressão sobre o presidente da Câmara, que vinha sendo cobrado por setores de diferentes espectros políticos. A crise institucional em torno da cassação de mandatos vinha sendo observada com preocupação por investidores e parceiros internacionais, e a solução política pode trazer mais previsibilidade ao ambiente político brasileiro nas próximas semanas.

Por outro lado, a renúncia de Zambelli não encerra outras frentes de tensão entre o Legislativo e o STF, especialmente em casos envolvendo a tramitação de matérias sensíveis, como o PL da dosimetria, que tem gerado debates acalorados entre senadores e ministros da Corte.

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