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O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, decidiu manter a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026, mesmo que, nos bastidores, prefira outro nome para liderar a chapa eleitoral — o do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A estratégia, segundo avaliação interna, é usar a candidatura do filho do ex-presidente como instrumento para fortalecer o partido e ampliar sua representação no Congresso nas eleições do próximo ano.
Valdemar entende que manter Flávio como candidato pode ser mais vantajoso para o PL no plano eleitoral, mesmo que ele não supere o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas. A lógica interna do partido é que a mobilização em torno de um nome bolsonarista autêntico pode contribuir para expandir a bancada de deputados federais e de senadores, reforçando o peso político da legenda e do campo conservador.
Pragmatismo eleitoral e fortalecimento da bancada
Embora nos bastidores Valdemar prefira um projeto presidencial com Tarcísio — visto por parte de estrategistas como um nome mais competitivo nacionalmente — a decisão de bancar Flávio foi tomada com foco pragmático: ampliar o tamanho da bancada do PL no Congresso e alcançar metas robustas de representação. A meta interna, conforme interlocutores, é eleger pelo menos 120 deputados federais e 20 senadores, números que fortaleceriam o partido para a próxima legislatura. Diário do Centro do Mundo
Segundo fontes próximas ao processo de decisão, o entendimento dentro do PL é que os votos do bolsonarismo, mesmo diante de cenários adversos nas pesquisas nacionais, podem garantir um desempenho expressivo nas eleições proporcionais — especialmente em estados tradicionalmente favoráveis ao discurso conservador.
Diálogo com Tarcísio e foco no 2026
Valdemar e Tarcísio já tiveram conversas sobre uma eventual candidatura presidencial do governador ao Palácio do Planalto e até sobre uma possível filiação de Tarcísio ao PL. Porém, enquanto Jair Bolsonaro e Flávio insistirem no projeto próprio, Valdemar sinaliza que o partido continuará alinhado ao nome indicado pelo ex-presidente e seu filho.
O diálogo com Tarcísio não foi rompido, mas ficou claro entre lideranças que Flávio ocupará o espaço de candidato principal do bolsonarismo na disputa presidencial. Analistas políticos interpretam essa estratégia como uma tentativa de manter coesão interna, ainda que haja fricções sobre qual caminho seria mais competitivo para enfrentar a oposição no ano eleitoral.
Reações e críticas dentro da direita
A decisão expõe tensões e desafios dentro do campo conservador: muitos dirigentes avaliam que Tarcísio teria um apelo mais amplo fora da base tradicional do PL, inclusive entre eleitores moderados, enquanto Flávio enfrenta dificuldades em ampliar sua base de apoio no plano nacional. Pesquisas recentes mostraram que Flávio Bolsonaro fica atrás de Lula em cenários de segundo turno, enquanto Tarcísio figureia como um nome mais equilibrado nos números.
Apesar disso, a estratégia adotada por Valdemar procura consolidar um projeto que mantenha a narrativa política bolsonarista ativa e bem representada na disputa presidencial, reforçando o peso do bolsonarismo dentro do PL e a sua capacidade de influenciar debates em torno de temas centrais para setores conservadores.
Caminhos para 2026
A aposta em Flávio como candidato principal não afasta totalmente outras articulações: Tarcísio pode seguir como protagonista em seu estado ou em alianças estratégicas, enquanto o plano de ampliar bancadas e fortalecer o PL em âmbito nacional segue sendo avaliado como uma prioridade para as eleições de 2026. A movimentação, que mistura cálculo político com manutenção de coesão interna, deve continuar sendo um tema de destaque nas próximas semanas à medida que o calendário eleitoral se aproxima.
Com o cenário em aberto, resta observar como o bolsonarismo e seus aliados mais amplos irão se organizar em torno do projeto eleitoral e se haverá acomodação de forças para além da candidatura de Flávio — ou se prevalecerá a estratégia definida pelo partido nas últimas semanas.
