Eduardo Bolsonaro grava vídeo xingando Moraes, Dino, Gonet e Hugo Motta enquanto mandato está sob risco
Deputado federal licenciado ataca ministros do STF, procurador-geral e presidente da Câmara em vídeo agressivo

Brasília — À beira de um processo que pode levar à cassação de seu mandato por faltas acumuladas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) divulgou um vídeo em que fez ataques diretos e palavrosos a autoridades do Judiciário, Ministério Público e da própria Câmara dos Deputados. Nas imagens, o parlamentar chama os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Flávio Dino, o procurador-geral da República Paulo Gonet Branco, o delegado da Polícia Federal Fábio Shor e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de “*filhos da p (filhos da puta)**” e reafirma seu discurso de perseguição política às instituições.
A gravação foi publicada em meio ao noticiário sobre a notificação oficial recebida por Eduardo Bolsonaro esta semana alertando que ele já soma faltas suficientes para que seu mandato seja avaliado em um processo de perda de cargo. O deputado vive nos Estados Unidos desde março deste ano e, segundo a Câmara, suas ausências em sessões ordinárias ultrapassaram o limite admitido pelo regimento interno.
O contexto da agressão verbal
No vídeo, Eduardo Bolsonaro dirigiu sua fúria principalmente ao ministro Alexandre de Moraes, relator de casos que envolvem ele e seu pai — o ex-presidente Jair Bolsonaro — no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 e outras acusações. Ele também estendeu os ataques ao ministro Flávio Dino, ao procurador-geral Paulo Gonet e ao delegado da PF, que já conduziram investigações relevantes contra ele ou seu entorno político.
Ao criticar o presidente da Câmara, Hugo Motta, o deputado acusou o parlamentar de agir em conluio com Moraes e de não reconhecer a suposta “perseguição” que diz sofrer, justificação que ele tem repetido desde que se mudou para os EUA alegando riscos políticos e judiciais.
Repercussão e tensão institucional
Os ataques se dão em um cenário de crescente tensão entre setores da direita bolsonarista e o Judiciário — um embate que aumentou após a PGR apresentar denúncia contra Eduardo Bolsonaro sob acusação de coação ao STF por supostas articulações junto a autoridades estrangeiras que visavam pressionar ministros da Corte.
Autoridades e juristas consideram que episódios como este — com declarações agressivas a membros de poderes da República e instituições estatais responsáveis pela investigação criminal — intensificam a crise institucional, levantando debates sobre limites da retórica política e possíveis implicações legais para o parlamentar.
Mandato em xeque
Paralelamente às críticas, Eduardo Bolsonaro enfrenta uma notificação formal por faltas na Câmara — processo que pode resultar na perda de seu mandato caso ele não apresente justificativas convincentes ou consiga reverter essa avaliação interna da Casa. Se a Câmara acatar o processo sob a presidência de Hugo Motta, o deputado poderá ser afastado por descumprimento de obrigações regimentais.
A combinação de ataques públicos às instituições e a iminência de um processo de cassação por faltas intensifica o clima de confronto institucional em Brasília, colocando Eduardo Bolsonaro no centro de uma disputa que envolve não apenas seu futuro político individual, mas também o papel das liberdades de expressão e dos limites à crítica política dentro do sistema constitucional brasileiro.
