Ex-primeira-dama celebra votação da Câmara que manteve mandato de Carla Zambelli; Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro permaneceram em silêncio sobre o desfecho, ampliando divisões no clã político

Brasília — Após a Câmara dos Deputados rejeitar o pedido de cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) — mantendo-a no cargo mesmo após condenações e prisão no exterior — Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e figura política com visibilidade própria, foi a única integrante proeminente da família a declarar publicamente seu contentamento com o resultado, em um movimento que chama atenção por contraste com o silêncio de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro.

Zambelli, condenada em duas ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF) e atualmente presa na Itália, teve seu mandato preservado na votação do plenário da Câmara quando não foram alcançados os 257 votos necessários para a cassação. A decisão, considerada controversa e alvo de críticas de ministros da Corte, provocou reações díspares no espectro político bolsonarista.

Michelle Bolsonaro celebra decisão

Nas redes sociais, Michelle Bolsonaro compartilhou mensagens e publicações associadas ao resultado da votação, demonstrando satisfação com a manutenção do mandato de Zambelli. A manifestação pública da ex-primeira-dama sobre o episódio é interpretada por observadores como sinal de sua tentativa de ganhar protagonismo político próprio, em meio a tensões internas e debates sobre o futuro da direita nas eleições de 2026.

Especialistas em política avaliam que a postura de Michelle reflete uma busca por fortalecimento de sua imagem enquanto figura conservadora de destaque, em um momento de crise e fragmentação dentro do universo bolsonarista — especialmente após a condenação e prisão de Jair Bolsonaro e a subsequente escalada de disputas de poder dentro do Partido Liberal (PL).

Silêncio dos filhos de Bolsonaro

Apesar da repercussão da decisão sobre Zambelli na Câmara, os filhos e principais líderes políticos associados ao ex-presidente — Flávio Bolsonaro (senador e pré-candidato presidencial), Eduardo Bolsonaro (deputado federal) e Carlos Bolsonaro (vereador no Rio) — mantiveram-se em grande parte omissos nos seus canais públicos sobre o resultado da votação. Analistas interpretam essa ausência de posicionamento como reflexo das prioridades eleitorais e das estratégias de comunicação diferenciadas dentro do clã, que atualmente foca em sua própria reorganização política para 2026.

Flávio, por exemplo, confirmou sua pré-candidatura à Presidência e recebeu respaldo oficial da liderança de seu pai para disputar o cargo em 2026, uma movimentação que tem gerado debates internos e pressões partidárias quanto ao alinhamento e unidade do grupo.

Enquanto isso, tanto Eduardo quanto Carlos Bolsonaro — figuras centrais no eixo de apoio político ao projeto da família — têm focado atenções em questões relacionadas à própria sobrevivência política e a disputas internas do partido, sem comentar especificamente a votação em torno de Zambelli.

Contexto mais amplo

A votação que manteve o mandato de Zambelli ocorre em um momento político delicado no Brasil: o país se aproxima da eleição presidencial de 2026 com a direita fragmentada e o campo bolsonarista enfrentando tensões internas profundas. A posição de Michelle Bolsonaro, distinta da postura dos filhos, ressalta essas divisões e pode antecipar disputas futuras sobre a representação política e liderança dentro do grupo que historicamente orbitou em torno de Jair Bolsonaro.

À medida que o cenário político evolui, a forma como cada membro significativo do grupo Bolsonaro escolhe se pronunciar — ou não — sobre temas institucionais de destaque pode revelar estratégias diferenciadas e eventuais rupturas de narrativa que terão impacto direto no desempenho eleitoral e nas alianças políticas vindouras.

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