Michelle Bolsonaro celebra redução de pena a ex-presidente e já reivindica indenização por prisão
Ex-primeira-dama publica vídeo em apoio à “anistia” e defende reparação por detenção do marido

Na madrugada desta quarta-feira (10 de dezembro de 2025), Michelle Bolsonaro divulgou vídeo nas redes sociais manifestando sua comemoração com a aprovação, na Câmara dos Deputados, de uma proposta de redução de penas para condenados por atos antidemocráticos — entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.
No mesmo vídeo, ela defendeu que o marido deve ser indenizado pela prisão que vem cumprindo — uma demanda que, até então, não fazia parte do debate jurídico ou parlamentar. A postura gerou forte repercussão política e social, reacendendo críticas de quem acredita que a proposta representa uma anistia velada aos golpistas e uma afronta às consequências judiciais dos crimes cometidos.
Além da celebração pública, o gesto configura uma ofensiva simbólica da família Bolsonaro: uma demonstração de que a orientação política e o discurso de “vitimização” continuarão centrais na rede de apoio ao ex-presidente — mesmo após condenações e investigações graves.
Reações e interpretações
A comemoração de Michelle gerou imediatas críticas de partidos de esquerda, movimentos sociais, juristas e ativistas pela democracia, que veem na reivindicação de indenização um ataque às instituições e à memória dos atos golpistas. Para os críticos, a iniciativa sinaliza mais do que um pedido individual — representa uma tentativa de reescrever a narrativa política e judicial da violação democrática de 2023.
Especialistas em direito penal alertam que, além de politicamente controversa, a proposta de redução de pena e eventual indenização abre precedentes graves de impunidade e descrédito institucional. Argumentam que a prisão decorreu de condenação judicial e, portanto, reivindicar reparação por ela equivale a negar o papel da Justiça e as consequências de crimes contra a democracia.
Do lado governista e dos apoiadores, o gesto de Michelle é interpretado como símbolo de moral de resistência — reforçando a narrativa de perseguição política, enviada tanto para a base de apoio bolsonarista quanto para o eleitorado conservador. É uma movimentação para reagrupar forças e reativar o debate sobre “vitimização” e arrependimento jurídico.
Importância simbólica e riscos para o cenário político
A atitude de Michelle não é apenas pessoal: serve como termômetro da força do bolsonarismo pós-prisão. Se a redução de penas for confirmada — após tramitação no Senado e sanção —, a comemoração pública da ex-primeira-dama pode legitimar a anistia parcial aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023, abrindo espaço para revisionismo judicial e reabilitação política.
Para a esquerda e para setores democráticos, o episódio reforça a urgência de mobilização, vigilância e denúncia da instrumentalização do sistema judicial para interesses partidários. A cobrança de indenização expõe a radicalização da disputa simbólica, onde direitos civis, justiça e memória se chocam com estratégias de poder.
