Deputado do PSOL protesta contra seu pedido de cassação; presidente da Casa reage com ação policial e censura à imprensa

Nesta terça-feira (9 de dezembro de 2025), a Câmara dos Deputados viveu um momento de crise institucional, quando o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), alvo de pedido de cassação, ocupou a cadeira da Presidência da Mesa e foi retirado à força pela Polícia Legislativa.

O que ocorreu

  • Durante a sessão plenária, pouco depois de ser anunciado que o processo de cassação de Braga seria pautado para voto, o parlamentar subiu à mesa da presidência. Ele justificou o ato como protesto contra o que considera perseguição e quebra de decoro seletiva.
  • A reação foi imediata: a Polícia Legislativa foi acionada, o plenário foi esvaziado, a entrada da imprensa proibida e a transmissão da sessão pela TV Câmara foi abruptamente cortada.
  • Imagens nas redes sociais capturaram policiais legislativos arrastando Braga para fora da Mesa — cenas que provocaram indignação de deputados de oposição e de representantes da sociedade civil.

Após ser removido, Braga concedeu entrevista coletiva e denunciou “abuso de autoridade” e “tratamento diferenciado” em relação à ocupação feita anteriormente — em agosto — por bolsonaristas, quando não houve intervenção policial.

Por que a ocupação?

O protesto antecede a votação de cassação de mandato contra o deputado. Ele foi alvo de representação no Conselho de Ética da Câmara após um episódio em abril de 2024, quando expulsou um militante do movimento Movimento Brasil Livre (MBL) com empurrões e chutes — ato qualificado como quebra de decoro parlamentar.

Em abril deste ano, o Conselho de Ética aprovou o parecer pela cassação por 13 votos a favor e 5 contra. A decisão agora vai para votação do plenário.

Braga afirma que o processo representa “perseguição política” e critica o que chama de uso seletivo das regras por parte da Mesa da Câmara.

Reações e denúncias de censura

O episódio provocou críticas de diversas lideranças políticas e de membros do governo. Guilherme Boulos, por exemplo, classificou a manhã como demonstrativa de “momentos autoritários” na Câmara, dizendo que “nem na ditadura” se viu algo parecido — em referência à expulsão da imprensa e à interrupção da transmissão pública.

Líderes da esquerda apontaram que a retirada forçada de Braga — e a proibição de acesso da imprensa — representam um ataque à liberdade de expressão e à transparência institucional.

Por sua vez, Hugo Motta defendeu a ação: classificou o ato de Braga como “gesto autoritário” e afirmou que estava protegendo o funcionamento da Casa. Segundo Motta, a intervenção respeitou o regimento interno.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.