Centrão recua: descarta apoio imediato a Flávio Bolsonaro
Em encontro na casa do senador, líderes de partidos como PP e União Brasil decidiram não selar aliança com o clã Bolsonaro

Depois de reunião no domingo (8) convocada por Flávio Bolsonaro em Brasília, o Centrão — bloco decisivo no tabuleiro político — surpreendeu: descartou qualquer compromisso imediato com sua pré-candidatura à Presidência em 2026. A sinalização de cautela acende um alerta sobre a viabilidade real do “plano Bolsonaro”.
Segundo o senador Rogério Marinho (PL-RN), que falou em nome do grupo, os presidentes do PP e do União Brasil vão consultar suas bancadas antes de decidir qualquer apoio — o que, na prática, adia indefinidamente uma aliança formal.
O descompasso interno: nem o “núcleo duro” se une
O encontro, que contou com presidentes do PL, PP e União Brasil e o próprio Flávio, visava construir apoio amplo para a candidatura desde a largada. A expectativa era de um consenso rápido. Mas, ao fim da reunião, nenhum dos partidos confirmou adesão — o recuo oficial revela fissuras profundas.
Fontes de bastidores relatam desconforto: a definição do nome de Flávio foi comunicada de cima para baixo, sem debate interno, o que gerou ressentimento em dirigentes que vinham defendendo nomes mais “viáveis” e com menor rejeição — como Tarcísio de Freitas.
O significado para 2026 — e por que isso interessa à democracia
Esse recuo do Centrão não é desprezível: ele interrompe a narrativa de que o bolsonarismo contaria com todo o aparato conservador nas próximas eleições. Ao recusar apoio imediato, o bloco dá mostras de que a “unidade da direita” está longe — e pode favorecer o fortalecimento de alternativas democráticas.
Isso fragiliza a projeção eleitoral de Flávio Bolsonaro — um nome já marcado por rejeição pública, fraudes judiciais e imagens de autoritarismo. Sem o apoio do Centrão, sua campanha corre o risco de se restringir a nichos radicais, reduzindo drásticamente chances de competitividade.
Além disso, expõe o colapso da lógica vassalocrata que sempre sustentou o bolsonarismo: a política não é mais feita só por sobrenome, mas por resultados concretos — ao menor sinal de instabilidade, o “mercado de alianças” se retrai.
O alerta para o campo progressista — e a urgência da mobilização
Para nós, que defendemos soberania, justiça social e democracia, esse momento oferece uma oportunidade concreta: a desarticulação interna da direita pode abrir espaço para reconstrução de um projeto popular — com base diferente da vassalagem de sempre.
Mas não se trata apenas de esperar a direita se autodestruir. É hora de mobilizar, articular alternativas reais, trazer ao debate hashtags, pautas, esperanças reais. Para que a crise deles se transforme em avanço nosso — por soberania, igualdade e democracia de fato, não só de nome.
