O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, usou um evento no Amapá nesta sexta-feira (5) para transmitir um recado de reconciliação ao governo federal. Por meio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ele agradeceu ao presidente Lula pelo apoio “constante e institucional” à região — gesto que marca uma trégua na relação, que vinha estremecida desde a disputa pela indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A tensão havia se acentuado com a escolha, por Lula, do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no STF, contrariando a preferência de Alcolumbre pelo senador Rodrigo Pacheco. O senador chegou a articular contra a indicação, o que gerou desgaste político e atraso no processo de sabatina.

Durante o ato de inauguração de um centro de radioterapia no Amapá, Alcolumbre enfatizou que a presença do governo federal no estado representa um compromisso real com a população do Norte — regiões historicamente negligenciadas social e economicamente. Segundo ele, “a sua presença aqui é a presença do governo federal, do estado brasileiro, que nunca faltou ao povo do Amapá”.

Esse gesto de aproximação ganha significado diante de recentes atritos: na quinta-feira (4), Lula acusou o Congresso de “sequestrar” 50% do Orçamento da União por conta das emendas parlamentares, o que gerou mal-estar entre senadores e deputados da base. A declaração acendeu novamente a chama da instabilidade institucional.

Com a trégua pública e os agradecimentos, Alcolumbre parece buscar uma recomposição do diálogo entre o Legislativo e o Executivo — especialmente para evitar que disputas internas prejudiquem a governabilidade e o envio de recursos a regiões vulnerabilizadas, como o Norte e o Nordeste.