Caixa com documentos e gravações sensíveis é descoberta na 13ª Vara da Justiça Federal — revelação ameaça reconstruir narrativa da Lava-Jato

Agentes da PF localizaram na 13ª Vara Federal de Curitiba uma caixa de cor amarela que armazenava documentos e gravações ligadas à controvérsia conhecida como “Festa da Cueca”, episódio de 2003 que envolve desembargadores, prostitutas e supostas gravações clandestinas. A revelação foi feita pelo empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia em entrevista à TV 247, e ganha novo fôlego com a ação policial desta quarta-feira (3).

Segundo fontes da Vara, essa caixa seria o repositório de “arquivos sensíveis” que, por anos, teriam permanecido ocultos — e que, se comprovados, alterariam radicalmente o entendimento público e jurídico sobre o que se passou na “Festa da Cueca”. “Se isso vier à tona, vai passar a limpo a história do país”, declarou Garcia na entrevista.

O que dizem as investigações

A operação da PF na 13ª Vara foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de decisão do ministro Dias Toffoli. O mandado prevê acesso a processos, mídias anexas, delações premiadas, gravações e demais documentos relativos aos casos investigados, incluindo o suposto episódio de 2003.

Entre os processos visados estão inquéritos contra doleiros, acusações de corrupção e calúnia, além do próprio conjunto de provas originado da “Festa da Cueca” — vídeos, fotos e relatórios preparados à época. O objetivo é levantar o histórico completo de decisões, eventuais influência indevida e chantagens políticas que teriam marcado parte das carreiras de magistrados e atores envolvidos no esquema.

De acordo com depoimentos de Garcia — que afirma ter atuado como informante e colaborador infiltrado — as gravações e documentos não teriam sido destruídos: estariam arquivados na tal “caixa amarela”. Entre eles, ele cita vídeos da festa e material de delação do advogado Sérgio Costa, preso na época, que vinculariam desembargadores, juízes e procuradores a atividades ilícitas.

Repercussão política e judicial

A descoberta reacende um escândalo antigo e coloca em xeque todo o legado público do que se conhece como “Operação Lava Jato”. Se os documentos e gravações forem íntegros e forem liberados à justiça, o Brasil poderá ter de reabrir investigações que estavam enterradas sob décadas de silêncio judicial e institucional.

Para muitos que acompanham o caso, trata-se de uma oportunidade histórica de revisitar decisões tomadas com base em omissões ou chantagens — e de questionar seriamente a imparcialidade e os métodos usados pela Lava Jato. A própria atuação da PF e do STF em autorizar a busca na Vara de Curitiba revela que há elementos novos e consistentes para justificar a abertura do cofre de segredos.

Por outro lado, há quem aponte o risco de obstrução: funcionários antigos, arquivos físicos e digitais — muitos ainda não digitalizados —, podem ter sido manipulados ou destruídos. Isso torna urgente o acompanhamento público e a pressão para transparência total.

Por que isso importa agora

  • Porque se confirmados os arquivos da “Festa da Cueca”, a narrativa de justiça seletiva construída pela Lava Jato pode ruir. O que para muitos era combate à corrupção, pode se revelar aparato de chantagem e manipulação de poder.
  • Porque a população merece saber se prisões e condenações dos últimos 20 anos foram fruto de provas robustas — ou de denúncias forjadas.
  • Porque abre caminho para reparações, para revisão de processos e para responsabilização de quem abusou do Judiciário para seus próprios interesses.

Para nós, que defendemos a transparência, a justiça social e o direito de o povo conhecer a verdade, esse momento representa muito mais do que escândalo judicial — pode ser a possibilidade de reescrever a história brasileira com honestidade e coragem.

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