Operação revela conluio entre políticos, milícia e facção — ameaça ao Estado democrático exposta

Nesta quarta-feira (3/12/2025), o ministro Alexandre de Moraes ordenou a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, e do ex-deputado e ourives ligado à milícia, TH Joias. A decisão afirma que ambos fariam parte de uma organização criminosa investigada por crimes graves como tráfico de armas, lavagem de dinheiro e corrupção — crimes que atacam diretamente a soberania popular e a ordem pública.

A medida judicial se dá no escopo da Operação Zargun, ação da Polícia Federal (PF) que identificou um esquema de financiamento de milícia e tráfico de armas, com ramificações dentro do aparato estatal. A PF aponta que Bacellar teria vazado informações sigilosas sobre a operação para TH Joias, possibilitando a destruição de provas e facilitando a fuga do ex-deputado — um escândalo de conivência entre milícia, crime organizado e poder público.

Conforme consta no mandado, além da prisão, Bacellar foi afastado imediatamente do mandato na Assembleia. A ação da PF cumpre 8 mandados de busca e apreensão, incluindo gabinete, residências e escritórios vinculados aos investigados — numa ofensiva institucional que visa desmontar a teia criminosa que se enredou no coração do Rio de Janeiro.

O que revelam as investigações

Segundo os autos, TH Joias — cujo nome é Thiego Raimundo dos Santos Silva — teria atuado como um elo entre o tráfico de armas, milícia, políticos e o crime organizado. Ele foi preso originalmente em setembro, alvo da própria Operação Zargun, suspeito de tráfico, corrupção e lavagem. A investigação aponta que TH usava o cargo político para favorecer operações do crime, nomear comparsas na Alerj e garantir impunidade.

As suspeitas contra Bacellar são gravíssimas: ele teria alertado TH Joias sobre mandados de prisão iminentes, permitindo que o ourives tentasse destruir vestígios, transferir bens e se esconder. A PF já localizou o celular de Bacellar e apreendeu dados que podem comprovar o vazamento.

Os crimes atribuídos ao grupo incluem: organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro — o pacote completo de violência institucional.

O significado político da decisão

A ordem de prisão e o esforço de investigação do STF e da PF representam um acerto de contas com a impunidade que se abrigou nas estruturas do Estado. Não se trata apenas de deter indivíduos: trata-se de arrancar com força institucional a cloaca de milícia, corrupção e conluio que perverteu o aparato público.

Essa decisão coloca o Estado a serviço da segurança, da justiça popular e da dignidade, não do tráfico de influência e da impunidade. Para a população carioca e fluminense — há muito vítima de milícias e violência —, é um sinal claro de que o poder pode, sim, ser responsabilizado.

Para nós, do campo da justiça social, da democracia participativa e da luta contra os privilégios, essa operação deve servir de aviso: estruturas de milícia e crime organizado infiltradas no Estado não sobreviverão sem guerra — e essa guerra tem nome: transparência, investigação e soberania popular.

Os próximos dias devem mostrar os laços do grupo: quem bancava armas, quem fornecia cobertura política, quem lavava dinheiro. Se for igual aos relatos iniciais, a lista de cúmplices será extensa.

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