Ministério da Justiça demite Ramagem e Torres da PF
Após condenações e trânsito em julgado, Ramagem e Torres perdem cargos na PF

O governo federal oficializou hoje a demissão de Alexandre Ramagem e Anderson Torres da Polícia Federal — decisão formalizada através de portarias publicadas pelo Ministério da Justiça. A medida põe fim ao vínculo institucional de dois dos principais operadores acusados de integrar o núcleo de golpe, responsável por tentativas de desmontar a democracia no Brasil.
Ramagem e Torres, antes poderosos dentro da máquina estatal, já haviam sido condenados pela Supremo Tribunal Federal (STF) — Ramagem recebeu pena de 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão; Torres, 24 anos, ambos em regime fechado. Com o trânsito em julgado da condenação, a Corte determinou também a perda de seus postos como delegados da PF.
A demissão não surpreende juristas nem analistas políticos: após as evidências de uma tentativa de golpe de Estado documentadas no processo da Ação Penal 2.668, manter figuras que representavam ameaça às instituições constitucionais seria um litígio permanente com a democracia. A PF — historicamente apresentada como ferramenta estatal de combate à corrupção — se viu usada como instrumento de perseguição e sabotagem política. Com a saída de Ramagem e Torres, há agora uma chance concreta de reestruturação do órgão para fora da sombra autoritária.
Para além da simbologia institucional, o caso representa uma virada concreta na correlação de forças no Estado brasileiro. A demissão significa que não basta condenar — é preciso desmantelar as estruturas de poder montadas para proteger impunidade, chantagens e crimes políticos. O Brasil que defende justiça social, democracia ativa e soberania popular não pode tolerar sindicatos de milícia infiltrados no Estado.
A reação política já se torna visível: o campo progressista e democrático multiplica as vozes exigindo que o processo não pare, cobrando punição integral, devolução de valores aos cofres públicos e responsabilização civil e criminal de todos os cúmplices. Para além de Ramagem e Torres, o recado deve alcançar qualquer quadro que use a máquina pública para ameaçar a Constituição.
Hoje, com a demissão formal, o governo Lula — e a sociedade — têm uma oportunidade histórica de reerguer a PF como instrumento legítimo de segurança, com independência, transparência e compromisso com o povo.
Fonte: CartaCapital
