Após telefonema de 40 minutos, Trump oferece colaboração em comércio e segurança

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou publicamente nesta terça-feira que apreciou profundamente sua recente conversa com o presidente brasileiro Lula: “I like Lula”. A frase e o tom amistoso da chamada revelam uma reviravolta geopolítica — abre-se caminho para reaproximação diplomática e enfraquece as pretensões de interlocução exclusiva do que sempre se apresentou como “direita pró-Washington”.

Segundo relato da Casa Branca, Trump e Lula conversaram por cerca de 40 minutos sobre comércio exterior, tarifas e cooperação contra o crime organizado internacional — uma pauta central para Brasília, após o “tarifaço” que atingiu exportações brasileiras no último semestre.

O dirigente americano declarou que os dois países “vão se dar muito bem juntos” e demonstrou “plena disposição” para trabalhar com o Brasil em assuntos estratégicos. A mensagem, clara, derruba o mito de que apenas o chamado clã de extrema-direita seria interlocutor privilegiado de Washington — e reconstrói uma margem diplomática para o governo de esquerda brasileiro.

No Brasil, a declaração de Trump reacende debates sobre soberania, dependência externa e a velha estrutura colonial de exportar matéria-prima. Para muitos analistas progressistas, o recuo comercial dos EUA e a reabertura do diálogo revelam que o Brasil não precisa mendigar aceitação estrangeira — pode negociar como país soberano.

A reaproximação, porém, não é simples. O governo brasileiro — e o povo que o elegeu — exigem respeito à autonomia nacional, fim das sanções unilaterais e renegociação de tarifas com base em reciprocidade comercial, não chantagem econômica.

Do ponto de vista geopolítico, o gesto de Trump serve a interesses internos nos EUA — reequilibrar alianças após sanções impopulares — mas também representa uma oportunidade para o Brasil afirmar liderança regional fora da lógica neocolonial. A equação: manter a firmeza no discurso de soberania e usar o diálogo como instrumento de negociação — sem abrir mão da autonomia.

Para a direita nacional — em crise de identidade pós-2022 — a frase “I like Lula” soa como sinal de que o jogo não estará mais nas mãos dos filhos de Bolsonaro nem de lobistas geopolíticos: quem negociar com Washington terá de conciliar interesses nacionais, não subserviência.

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