Lula liga para Trump e pressiona por nova revisão de tarifas
Em telefonema de 40 minutos, presidente brasileiro elenca pendências nas exportações, cobra remoção de sobretaxas que atingem carne, café e frutas e avalia cooperação contra crime organizado

O presidente Lula conversou diretamente com Trump nesta terça-feira (02), em ligação de cerca de 40 minutos, para demandar a revisão de tarifas impostas pelos EUA sobre exportações brasileiras. Segundo o Palácio do Planalto, o Brasil considera que ainda há uma lista significativa de produtos sob sobretaxas que prejudicam setores como agropecuária, café e frutas.
Durante o diálogo, Lula agradeceu a retirada da sobretaxa adicional de 40% sobre alguns produtos — uma vitória parcial da diplomacia, após intensa pressão internacional. No entanto, deixou claro que a “lista de pendências” permanece e que o governo vai insistir para que os Estados Unidos removam barreiras que considera injustas.
Além da economia, os presidentes abordaram cooperação bilateral no combate ao crime organizado — especialmente no que diz respeito ao narcotráfico e lavagem de dinheiro envolvendo empresas com atuação transnacional. O governo brasileiro citou como prioritária uma agenda conjunta de segurança internacional.
Para o governo Lula, a iniciativa representa mais que a busca por mercado: é parte de uma estratégia ampla de retomar soberania econômica e jurídica. Ao pressionar por revisão de tarifas e garantir diálogo diplomático, o Brasil tenta reduzir a dependência externa e fortalecer sua posição geoeconômica.
Autoridades no Brasil avaliam que esse movimento é uma resposta necessária à escalada de sanções recentes: a remoção de algumas taxas foi bem-vista, mas o impacto econômico ainda se faz sentir — principalmente em setores vulneráveis, de trabalhadores e produtores rurais.
Analistas críticos apontam, no entanto, que a tentativa de reaproximação com Washington deve ser encarada com cautela. A dependência de negociações bilaterais pode abrir espaço para chantagens comerciais e interferência externa na economia nacional — o que, para muitos, expõe o risco latente de submissão econômica.
A ofensiva diplomática de Lula sugere que o Brasil não aceitará ser tratado como “colônia comercial”. A exigência de reciprocidade reafirma que, para seguir adiante com comércio e parcerias, será preciso defender os interesses nacionais em pé de igualdade — sem subserviência.
Para quem acompanha o contexto geopolítico e econômico global, o telefonema marca uma virada estratégica de Brasília: demonstra disposição para diálogo, mas mantém firmeza na defesa da soberania. Resta saber até onde vai a disposição do Governo Trump em ceder — e como o Brasil vai reagir se a balança continuar desigual.
