Filhos de Bolsonaro se articulam para definir liderança política após prisão
Estrutura vassalocrata do PL tenta reorganizar liderança com foco em Flávio e Michelle

A prisão de Jair Bolsonaro detonou uma corrida interna para reconstrução da liderança política bolsonarista. Em encontros reservados nos últimos dias, seus filhos iniciaram articulações intensas a fim de estabelecer quem comandará o discurso e a ação do grupo agora que o patriarca está afastado.
Segundo fontes do próprio partido, o protagonismo já começa a se dividir. O Flávio Bolsonaro (senador-RJ) aparece como o porta-voz institucional mais competitivo, enquanto Michelle Bolsonaro assume o papel de articuladora junto aos setores femininos e evangélicos da base.
Na prática, o grupo filiado à linha bolsonarista está se reposicionando diante de um vácuo concreto: com Bolsonaro preso, a dispersão de poder já era inevitável e os filhos tentam conter o avanço de novos nomes — como Tarcísio de Freitas — e evitar que o PL se torne mais um instrumento da velha política vassalocrata.
Os encontros mais recentes foram discretos: no sábado (22), Flávio e Carlos Bolsonaro se reuniram com senadores e deputados do PL para alinhar a estratégia de curto prazo. Aliados confirmam que Flávio orientou discurso de prudência e uniformização de pauta.
Enquanto isso, Michelle concentra força simbólica. Deputadas bolsonaristas e parlamentares ligados ao setor evangélico defendem que ela seja a “voz mais legítima” da família, por sua capacidade de mobilização e identificação com segmentos cruciais.
Em contrapartida, Carlos segue controlando as redes sociais do clã; Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA, busca repercussão internacional; e Jair Renan Bolsonaro acompanha os irmãos nas articulações. Mas é Flávio quem, segundo o PL e o Centrão, está em melhor posição para negociar coalizões e responder aos riscos impostos pela prisão do pai.
Para a base bolsonarista, este momento se revela como uma bifurcação: ou se consolida uma nova liderança estruturada, ou o PL se dilui politicamente nos projetos do Centrão e de forças mais pragmáticas. O que está em jogo não é somente quem manda, mas se o bolsonarismo sobrevive como projeto político ou se transforma em sucata da velha direita acomodada.
