Em sua recondução, o procurador-geral Paulo Gonet sinaliza independência institucional enquanto enfrenta questionamentos sobre selectividade e alinhamento político

Durante a sabatina de recondução realizada pelo Senado, o procurador-geral Paulo Gonet declarou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) “não opera com bandeiras partidárias nem busca o aplauso transitório” e reafirmou que o trabalho da instituição está voltado a “agir dentro da lei e com independência”.
Gonet destacou que o cargo exige trabalho técnico e imparcial, afastado de disputas eleitorais ou clivagens políticas. “A busca do aplauso transitório e da exposição de palco não faz parte da missão institucional”, afirmou.

O contexto e as tensões

A declaração ocorre em meio a forte pressão política e institucional: a PGR vem sendo cobrada por oposição e parte da sociedade civil por alegada atuação seletiva em investigações de integrantes da direita e suposta leniência em casos envolvendo o centro-esquerda e o governo federal. Apesar do discurso de imparcialidade, críticos apontam que a recondução de Gonet está marcada por simbologia política.
Além disso, Gonet enfrentou, antes da sabatina, questionamentos sobre a atuação da PGR no caso da “trama golpista” que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, bem como operações policiais de alta letalidade no Rio de Janeiro.

O que ele reafirma

  • Que a PGR deve funcionar com foco jurídico e técnico, não voltada à popularidade, exposições midiáticas ou alianças políticas.
  • Que o Ministério Público Federal (MPF), por meio da PGR, “tem como dever proteger o Estado de direito, inclusive contra facções e milícias” — e que esse combate precisa se dar dentro dos limites constitucionais.
  • Que o etapa parlamentar da sabatina oferece ao Senado oportunidade de avaliar não só o nome, mas o padrão de funcionamento da PGR e sua autonomia frente aos outros poderes.

Por que isso importa

A fala de Gonet reveste-se de simbolismo:

  • Sinaliza que o governo federal, por meio da indicação, deseja reforçar a existência de aparelho jurídico-institucional que pareça alheio à disputa partidária — o que, no discurso de esquerda, é condição essencial para a justiça social.
  • Em contrapartida, abre a crítica de que a independência real da PGR ainda depende de atos concretos — e não apenas de retórica. A eficácia da instituição será testada pelo rigor nas investigações e pela igualdade de tratamento.
  • A sociedade civil progressista observa se a PGR atuará com firmeza contra abusos e violações, e não apenas com retórica de “não bandeira partidária”. A coerência entre discurso e prática será chave para resgatar confiança institucional.
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