Sobrinho de Bolsonaro vai a júri popular por tentativa de feminicídio e homicídio
O empresário Orestes Bolsonaro Campos, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, enfrenta julgamento após acusações gravíssimas que colocam em xeque o discurso da família e do bloco bolsonarista

O sobrinho de Jair Bolsonaro, Orestes Bolsonaro Campos, será submetido a júri popular em São Paulo por tentativa de feminicídio contra a ex-esposa e tentativa de homicídio contra o atual companheiro dela. A acusação remonta a outubro de 2020, quando o empresário invadiu a residência da ex-parceira em Barra do Turvo e tentou matar tanto ela quanto seu novo companheiro.
O processo expõe mais uma mancha grave no “legado” político da família Bolsonaro, que tanto invoca “valores familiares” e “moral cristã” na sua retórica. A situação do sobrinho torna-se símbolo de incoerência: um clã que monta narrativas de família, patriotismo e ética pública sofre com episódios de violência doméstica, criminalidade e impunidade associadas diretamente ao núcleo.
O que está em jogo
- Credibilidade política: O julgamento coloca em evidência que não é apenas o ex-presidente que enfrenta risco — mas também a linha sucessória e o entorno familiar que pretendem ocupar espaços na cena nacional.
- Imagem do bloco bolsonarista: Quando um membro da família é acusado por crimes graves, a narrativa de “renovação”, “ordem” e “ética” se desfaz, transformando-se em embaraço político para os aliados.
- Pressão social e mediática: O julgamento por feminicídio e homicídio acende luz sobre a necessidade de responsabilização — se o sistema tratar o caso com naturalidade, reforçará a sensação de que figuras políticas seguem acima da lei.
Contexto
Orestes já ostenta histórico de violência: foi réu em processos por lesão corporal e tentativa de feminicídio. A nova etapa, com júri popular, representa fase mais pública, simbólica e com maior repercussão — diferente de disputas jurídicas que se resolvem nos bastidores.
Consequências possíveis
Se condenado, o sobrinho de Bolsonaro enfrentará pena considerável, o que poderá abalar não só o circuito familiar-político mas também desorganizar alianças regionais e nacionais montadas em torno da “família Bolsonaro”. O desgaste poderá abrir espaço para dissidências internas, por parte de figuras que já veem fragilidade estratégica no bloco.

Não falha um. Nem todo bolsonarista é bandido, mas todo bandido é bolsonarista.