Ex-ministro de Bolsonaro vira peça-chave no esquema do INSS, diz a Polícia Federal
Investigação aponta que o ex-ministro José Carlos Oliveira consolidou plano bilionário de descontos indevidos em aposentadorias — e agora responde por tornozeleira eletrônica

A Polícia Federal afirma ter identificado que José Carlos Oliveira, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro e ex-presidente da INSS, atuou como peça-chave na consolidação de um esquema de fraude massiva contra aposentados e pensionistas no instituto.
Na fase mais recente da operação apelidada de “Sem Desconto”, que cumpriu 63 mandados de busca e apreensão em 14 estados e no Distrito Federal, a PF aponta que o grupo teria movimentado até R$ 6,3 bilhões em descontos não autorizados entre 2019 e 2024.
Oliveira já usou tornozeleira eletrônica enquanto aguarda as investigações. Ele é acusado de ter assinado termos de cooperação técnica com associações que simulavam prestações de serviço e recrutavam beneficiários do INSS para descontos irregulares — uma clara estratégia de saque contra os direitos dos aposentados.
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS, Oliveira declarou que só tomou conhecimento das irregularidades em 2023 — quando já não ocupava o cargo. A PF, porém, discorda e aponta que os vínculos eram anteriores, desde o cargo de superintendente e diretor no instituto.
Para os investigadores, tratou-se de um plano que fragilizou sindicatos tradicionais e favoreceu entidades fachada, com o aval de comandos internos do INSS e a omissão clara de fiscalização. O resultado: milhares de aposentados lesados, sistema público usado como blindagem de interesses privados.
Este episódio não é só mais um caso de corrupção burocrática — é sintoma de um Estado capturado, onde o governo Bolsonaro deixou suas marcas até mesmo nos aparelhos de proteção social. Em pleno momento em que a sociedade cobra justiça, a PF precisa agir com firmeza: estancar o saque e punir os responsáveis.
